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Estimulação magnética transcraniana pode ser uma nova abordagem para a depressão, em artigo do The New York Times

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A estimulação magnética transcraniana, ou TMS, do inglês Transcranial Magnetic Stimulation, um tratamento em que pulsos magnéticos são usados para estimular partes do cérebro1 que se acredita estarem envolvidas na regulação do humor, pode ser uma nova possibilidade de bom resultados no tratamento da depressão grave. Ao contrário da eletroconvulsoterapia ou eletrochoque, que também é usada para tratar a depressão resistente a medicamentos, a TMS geralmente não produz convulsões.

Todos os dias, os pacientes precisam ficar pouco mais de meia hora em uma cadeira com um ímã poderoso afixado no lado esquerdo da cabeça2. A ideia é que o campo magnético pulsante, semelhante ao utilizado na ressonância nuclear magnética (RNM), cria uma corrente elétrica na superfície do cérebro1 que "restabelece" o sistema regulador de humor do paciente. Após quatro semanas, eles experimentam uma melhora dos sintomas3 depressivos e podem inclusive ficar livres dos antidepressivos. Mas há ainda muitas perguntas sobre quantos pacientes severamente deprimidos respondem à TMS. O tratamento exige visitas diárias ao consultório médico, durante várias semanas, custa caro e muitas vezes não é coberto pelo plano de saúde4.

A TMS é aprovada especificamente para pacientes5 cuja depressão não responde aos antidepressivos ou para aqueles que não toleram os efeitos colaterais6 dos medicamentos, que incluem ganho de peso e perda da libido7. Muitos desses pacientes estão desesperados por tratamentos alternativos, mas ainda não é certo que a TMS possa fornecer a ajuda que precisam.

"Embora seja bastante claro que a TMS é eficaz em alguma porcentagem de pacientes com transtorno depressivo maior, ainda não é muito fácil saber de antemão quem são esses pacientes", disse o Dr. Steven J. Zalcman, chefe da agência de pesquisa em neurociência clínica do National Institute of Mental Health.

Os protocolos da American Psychiatric Association dizem que a TMS confere "benefícios pequenos a moderados" e os resultados dos ensaios clínicos8 ainda são controversos.

O Dr. Mark S. George, um professor da Universidade de Medicina da Carolina do Sul, em Charleston, foi o principal autor do primeiro ensaio randomizado9 e independente sobre o uso repetido da TMS para tratar a depressão resistente. Enquanto que o estudo descobriu que quase três vezes mais pacientes entraram em remissão após o tratamento com a TMS, em comparação com aqueles que receberam um placebo10, os números absolutos ainda eram pequenos: apenas 14% dos pacientes tratados foram recuperados, em comparação com 5% no grupo placebo10.

Uma variação mais recente do tratamento, as TMS profundas, desenvolvida por uma empresa israelense chamada Brainsway e aprovada pelo Food and Drug Administration este ano, trouxe uma maior taxa de resposta em um ensaio clínico randomizado9: 30% dos 233 pacientes alcançaram remissão, em comparação com 14,5% do grupo controle.

O dispositivo tem como alvo regiões mais profundas do cérebro1, como o núcleo accumbens, que desempenha um papel fundamental no circuito de recompensa do cérebro1, informam os funcionários da empresa.

Em estudos, financiados pela indústria desses equipamentos, que permitiram que os pacientes continuassem o uso de seus medicamentos antidepressivos durante o tratamento com a TMS, as taxas de resposta foram significativamente maiores do que no ensaio clínico randomizado9 conduzido pelo Dr. George. Em um estudo recente, também financiado por fabricantes dos equipamentos de TMS, que acompanhou os pacientes por um ano, observou-se que o tratamento teve um efeito duradouro, com cerca de metade dos pacientes mantendo melhorias por doze meses.

Uma vantagem de um tratamento com TMS é que ele não é invasivo e, ao contrário das medicações, parece ter poucos efeitos secundários, apenas ocasionais tais como desconforto ou dor suave no couro cabeludo no local do tratamento e dores de cabeça2. No entanto, poucos pacientes abandonam o tratamento por causa da dor.

Efeitos no longo prazo não são conhecidos, mas a TMS não afeta a memória ou a cognição11, como a eletroconvulsoterapia pode afetar. Em casos raros, ela pode causar convulsões.

Fontes: The New York Times (NYT), de 01 de julho de 2013

US National Library of Medicine National Institutes of Health

Food and Drug Administration

 

NEWS.MED.BR, 2013. Estimulação magnética transcraniana pode ser uma nova abordagem para a depressão, em artigo do The New York Times. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/saude/364179/estimulacao-magnetica-transcraniana-pode-ser-uma-nova-abordagem-para-a-depressao-em-artigo-do-the-new-york-times.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
2 Cabeça:
3 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
4 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
5 Para pacientes: Você pode utilizar este texto livremente com seus pacientes, inclusive alterando-o, de acordo com a sua prática e experiência. Conheça todos os materiais Para Pacientes disponíveis para auxiliar, educar e esclarecer seus pacientes, colaborando para a melhoria da relação médico-paciente, reunidos no canal Para Pacientes . As informações contidas neste texto são baseadas em uma compilação feita pela equipe médica da Centralx. Você deve checar e confirmar as informações e divulgá-las para seus pacientes de acordo com seus conhecimentos médicos.
6 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
7 Libido: Desejo. Procura instintiva do prazer sexual.
8 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
9 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
10 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
11 Cognição: É o conjunto dos processos mentais usados no pensamento, percepção, classificação, reconhecimento e compreensão para o julgamento através do raciocínio para o aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas.
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12/07/2013 - Complemento feito por Calixto
Re: Estimulação magnética transcraniana pode ser uma nova abordagem para a depressão, em artigo do The New York Times
Deep Brain Stimulation já é uma técnica revolucionária na Neurologia e consequentemente na Psiquiatria.
Merece mais investimentos em pesquisa para sua utilização ser ampliada e reconhecida por órgãos competentes da Medicina Brasileira.

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