Antidepressivo em altas doses para crianças e adolescentes pode levar a comportamento suicida, publicado pelo JAMA Internal Medicine
Uma meta-análise abrangente de dados randomizados sugere que o comportamento suicida é duas vezes mais provável em crianças e adultos jovens que foram aleatoriamente distribuídos para receber antidepressivos em comparação com aqueles que receberam placebo1. O risco relacionado à medicação não foi elevado para adultos com mais de 24 anos. Ao que parece, nenhum estudo até a presente data tinha examinado se o risco de comportamento suicida está relacionado à dose de antidepressivo usada, e em caso afirmativo, se o risco depende da idade do paciente.
O objetivo da pesquisa publicada pelo JAMA Internal Medicine foi avaliar o risco de suicídio por dose de antidepressivo, por faixa etária.
Este foi um estudo de coorte2 de propensão usando dados populacionais de 162.625 residentes dos EUA, com idades entre 10 e 64 anos, com depressão, que iniciaram a terapia com antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina na dose padrão ou em doses mais elevadas a partir de 1° de janeiro de 1998 até 31 de dezembro de 2010.
A taxa de suicídio entre crianças e adultos com até 24 anos que iniciaram a terapia com altas doses de antidepressivo foi aproximadamente duas vezes maior que entre os pacientes que iniciaram a terapia com a dose padrão, o que corresponde a cerca de um evento adicional por cada 150 pacientes tratados com dose elevada. Para os adultos de 25 a 64 anos de idade, o risco absoluto de comportamento suicida foi muito menor.
Concluiu-se que crianças e adultos jovens que iniciam a terapia com antidepressivos em doses elevadas parecem estar em risco elevado para suicídio. Considerado recentes meta-análises que concluíram que a eficácia da terapia com antidepressivos para os jovens parece ser modesta e as evidências em separado de que a dose de antidepressivo não está geralmente relacionada à eficácia terapêutica3, os resultados do estudo oferecem um incentivo adicional para evitar o início da terapêutica3 com doses altas de antidepressivo e de acompanhar de perto e por vários meses os pacientes que começam a usar antidepressivos, especialmente os jovens.
Fonte: JAMA Internal Medicine, publicação online de 28 de abril de 2014