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Austrália pode eliminar câncer cervical até 2028, mostra estudo de modelagem publicado no The Lancet

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Em 2007, a Austrália foi um dos primeiros países a introduzir um programa nacional de vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) e, desde então, alcançou uma alta cobertura vacinal em ambos os sexos. Em dezembro de 2017, a triagem cervical organizada na Austrália passou da realização da citologia a cada dois anos (Papanicolau1) para mulheres de 18-20 anos a 69 anos, para testes primários de HPV a cada cinco anos para mulheres de 25 a 74 anos.

O objetivo foi identificar os primeiros anos em que a incidência2 anual padronizada por idade do câncer3 cervical na Austrália (que atualmente é de sete casos por 100.000 mulheres) poderia diminuir abaixo de dois limiares anuais, que poderiam ser considerados potenciais limiares de eliminação: um câncer3 raro limiar (seis novos casos por 100 000 mulheres) ou um limiar mais baixo (quatro novos casos por 100 000 mulheres), uma vez que a Austrália é provavelmente um dos primeiros países a atingir estes valores de referência.

Saiba mais sobre "Vírus4 HPV", "Papanicolau1 ou citologia oncótica" e "Câncer3 de colo do útero5". 

Neste estudo de modelagem, foi usado o Policy1-Cervix — um modelo dinâmico extensivamente validado de vacinação contra o HPV, história natural e rastreamento cervical — para estimar a incidência2 padronizada por idade do câncer3 do colo do útero5 na Austrália de 2015 a 2100. Incorporou-se cobertura específica por idade do Programa Nacional Australiano de Vacinação contra o HPV em meninas, incluindo o programa de recuperação e a inclusão de meninos no programa de vacinas a partir de 2013, e uma mudança da vacina6 quadrivalente para a vacina6 nonavalente a partir de 2018. Também modelou-se os efeitos da transição para triagem primária de HPV. Dois cenários foram considerados para futuras recomendações de triagem em relação às coortes que serão e a quem foi oferecida a vacina6 nonavalente: ou que o rastreamento do HPV a cada 5 anos continua ou que nenhuma triagem seria oferecida a essas mulheres.

Estimou-se que, na Austrália, a incidência2 anual padronizada por idade do câncer3 do colo do útero5 diminua para menos de seis novos casos por 100.000 mulheres até 2020 (intervalo 2018–22) e para menos de quatro novos casos por 100.000 mulheres até 2028 (2021-35). O ano preciso de obtenção dessas taxas depende da população usada para padronização de idade, comportamento de triagem do HPV e características do teste, os efeitos incrementais da vacinação de homens na imunidade7 de rebanho em mulheres e suposições sobre a frequência futura de histerectomias benignas.

Até 2066 (2054-77), a incidência2 anual de câncer3 do colo do útero5 diminuirá e permanecerá em menos de um caso por 100.000 mulheres se a triagem de HPV a cada 5 anos continuar para coortes às quais foi oferecida a vacina6 nonavalente, ou menos de três casos por 100.000 mulheres, se estas coortes não forem rastreadas. Estima-se que a mortalidade8 por câncer3 de colo do útero5 diminua para menos que uma taxa anual padronizada por idade de uma morte por 100.000 mulheres até 2034 (2025-47), mesmo que a triagem futura seja oferecida apenas a coortes mais velhas que não receberam a vacina6 nonavalente.

Se a vacinação de alta cobertura e a triagem forem mantidas, com um limiar de eliminação de quatro novos casos por 100.000 mulheres anualmente, o câncer3 do colo do útero5 pode ser considerado como um problema de saúde9 pública eliminado na Austrália nos próximos 20 anos. No entanto, as iniciativas de triagem e vacinação precisariam ser mantidas a fim de manter taxas muito baixas de incidência2 e mortalidade8 por câncer3 do colo do útero5.

Leia também sobre "Histerectomia10". 

 

Fonte: The Lancet, em 2 de outubro de 2018

 

NEWS.MED.BR, 2018. Austrália pode eliminar câncer cervical até 2028, mostra estudo de modelagem publicado no The Lancet. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/saude/1324973/australia-pode-eliminar-cancer-cervical-ate-2028-mostra-estudo-de-modelagem-publicado-no-the-lancet.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Papanicolau: Método de coloração para amostras de tecido, particularmente difundido por sua utilização na detecção precoce do câncer de colo uterino.
2 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
3 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
4 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
5 Colo do útero: Porção compreendendo o pescoço do ÚTERO (entre o ístmo inferior e a VAGINA), que forma o canal cervical.
6 Vacina: Tratamento à base de bactérias, vírus vivos atenuados ou seus produtos celulares, que têm o objetivo de produzir uma imunização ativa no organismo para uma determinada infecção.
7 Imunidade: Capacidade que um indivíduo tem de defender-se perante uma agressão bacteriana, viral ou perante qualquer tecido anormal (tumores, enxertos, etc.).
8 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
9 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
10 Histerectomia: Cirurgia através da qual se extrai o útero. Pode ser realizada mediante a presença de tumores ou hemorragias incontroláveis por outras formas. Quando se acrescenta à retirada dos ovários e trompas de Falópio (tubas uterinas) a esta cirurgia, denomina-se anexo-histerectomia.
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