Cortisol mais alto associado a menor volume cerebral e perda de memória, principalmente em mulheres
Através de dados do estudo The Framingham Heart Study, pesquisadores da Divisão de Endocrinologia, Diabetes1 e Hipertensão2 do Brigham and Women's Hospital / Harvard Medical School, em Boston, e do National Heart, Lung, and Blood Institute, em Maryland, avaliaram a associação do cortisol sérico matutino com o desempenho cognitivo3 e a integridade estrutural do cérebro4 em adultos sem demência5.
Foram avaliados os dados dos participantes do Framingham Heart Study (geração 3), livres de demência5 (média de idade de 48,5 anos; 46,8% homens), submetidos a testes cognitivos6 para memória, raciocínio abstrato, percepção visual, atenção e função executiva7 (n=2.231) e ressonância nuclear magnética (RNM) cranioencefálica (n=2.018) para avaliar a massa branca total, substância cinzenta lobar, volumes de hiperintensidade da substância branca e medidas de anisotropia fracionada (AF).
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Os pesquisadores usaram regressão linear e logística para avaliar as relações de cortisol (categorizadas em tercis, com o tercil médio como referência) para medidas de cognição8, volumes de ressonância magnética9, presença de infartos cerebrais encobertos, microhemorragias cerebrais, integridade da substância branca microestrutural baseada em voxel [utilização do método de morfometria baseada em voxel (VMB)] e densidade da matéria cinzenta, ajustando para idade, sexo, APOE e fatores de risco vasculares10.
Níveis mais altos de cortisol (tercil mais alto versus tercil médio) foram associados com pior memória e percepção visual, bem como menor massa cerebral total e volumes de substância cinzenta lobar occipital e frontal. O maior cortisol foi associado a múltiplas áreas de alterações microestruturais (FA regional diminuída), especialmente no esplênio do corpo caloso11 e da corona radiata posterior.
A associação do cortisol com o volume cerebral total variou de acordo com o sexo (p para interação=0,048); cortisol maior foi inversamente associado ao volume cerebral em mulheres (p=0,001), mas não em homens (p=0,717). Não houve modificação de efeito pelo genótipo12 APOE4 das relações de cortisol e cognição8 ou características de imagem.
O cortisol sérico mais elevado associou-se a menores volumes cerebrais e à perda de memória em adultos assintomáticos mais jovens e de meia-idade, sendo a associação evidente principalmente em mulheres.
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Fonte: Neurology, em 24 de outubro de 2018