Estudo mostra que déficit de comunicação entre médicos pode comprometer a segurança do atendimento a pacientes
Comunicação lenta ou inexata entre médicos que prestam primeiros socorros e médicos que prestam assistência hospitalar pode comprometer o atendimento e o acompanhamento de pacientes, contribuindo para a ocorrência de eventos adversos. É o que sugere um estudo publicado no The Journal of The American Medical Association.
Para caracterizar a prevalência1 de déficit de comunicação, a transferência de informações entre médicos que prestam primeiros socorros e assistência hospitalar - e identificar intervenções que possam melhorar o processo - foi feita uma revisão da literatura incluindo a investigação de estudos observacionais de investigação de comunicação e transferência de informações em hospitais (n=55) e estudos controlados avaliando a eficácia de intervenções para melhorar o processo de transferência de informações (n=18).
As conclusões do estudo mostram que a comunicação direta entre médicos que prestam primeiros socorros e médicos que prestam assistência hospitalar é pouco frequente (3-20%). A viabilidade de um sumário de alta completo após uma primeira visita médica é baixa (12-34%) e o sumário permanece incompleto após 4 semanas (51-77%). Isso afeta a qualidade dos cuidados prestados em aproximadamente 25% das visitas subseqüentes e contribui para a insatisfação do médico que presta os primeiros cuidados pela falta de informações completas da história clínica do paciente atendido.
Os sumários geralmente omitem informações sobre resultados de exames complementares (33-63%), tratamento ou internação hospitalar (7-22%), medicações recebidas (2-40%), resultados de exames pendentes no momento da alta (65%), aconselhamentos aos familiares (90-92%) e planejamento de um acompanhamento médico (2-43%).
Intervenções como sumários de alta gerados no computador, uso dos pacientes como mensageiros (quando possível), uso de formatos padronizados e o destaque de informações que sejam mais relevantes podem melhorar a comunicação médico-a-médico e a qualidade percebida dos documentos.