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NEJM: anel vaginal com dapivirina pode colaborar para a prevenção do HIV-1

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Medicamentos antirretrovirais que são utilizados como profilaxia podem prevenir a aquisição de infecção1 pelo vírus2 da imunodeficiência3 humana tipo 1 (HIV4-1). No entanto, em ensaios clínicos5 com mulheres africanas, a incidência6 de infecção1 pelo HIV4-1 não foi reduzida, provavelmente por causa da baixa adesão à profilaxia. Métodos de ação de entrega da medicação de forma mais prolongada, tais como pelo uso de aneis vaginais, podem simplificar o uso de medicamentos antirretrovirais e fornecer proteção contra o HIV4-1.

Foi realizada a fase 3, de um estudo randomizado7, duplo-cego, controlado por placebo8, conhecido como ASPIRE. Nesta pesquisa, foi usado um anel vaginal mensal contendo dapivirina, um inibidor não-nucleosídeo da transcriptase reversa do HIV4-1, em mulheres com idades de 18 a 45 anos, no Malawi, Sul da África, Uganda e Zimbabwe.

Entre as 2629 mulheres que foram inscritas, ocorreram 168 infecções9 pelo HIV4-1: 71 no grupo dapivirina e 97 no grupo placebo8 (incidência6: 3,3 e 4,5 por 100 pessoas-ano, respectivamente). A incidência6 de infecção1 pelo HIV4-1 no grupo dapivirina foi inferior em 27% (intervalo de confiança [IC] de 95%, 1 a 46; P=0,05) à do grupo placebo8. Em uma análise em que foram excluídos os dados de dois locais que tinham reduzidas taxas de retenção e aderência, a incidência6 de infecção1 pelo HIV4-1 no grupo dapivirina foi inferior em 37% (IC de 95%, 12 e 56; P=0,007) à do grupo placebo8. Em uma análise posterior, foram observadas altas taxas de proteção contra o HIV4-1 entre as mulheres com idade superior a 21 anos (56%; IC 95%, 31-71; P<0,001), mas não entre aquelas com 21 anos de idade ou mais jovens (-27%; IC 95%, -133 a 31; P=0,45), uma diferença que se correlacionou com a aderência reduzida. As taxas de eventos adversos e a resistência aos antirretrovirais entre as mulheres que adquiriram a infecção1 pelo HIV4-1 foram semelhantes nos dois grupos.

As conclusões mostram que o uso de anel vaginal mensal contendo dapivirina reduziu o risco de infecção1 por HIV4-1 entre as mulheres africanas estudadas, com o aumento da eficácia observado em subgrupos com evidências de alta aderência.

Veja também "Infecção1 pelo HIV4: o que precisamos saber?", "O que é a AIDS?" e "Métodos anticoncepcionais".

 

Fonte: The New England Journal of Medicine (NEJM), publicação online, de 18 de julho de 2016

 

NEWS.MED.BR, 2016. NEJM: anel vaginal com dapivirina pode colaborar para a prevenção do HIV-1. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1269783/nejm-anel-vaginal-com-dapivirina-pode-colaborar-para-a-prevencao-do-hiv-1.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.

Complementos

1 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
2 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
3 Imunodeficiência: Distúrbio do sistema imunológico que se caracteriza por um defeito congênito ou adquirido em um ou vários mecanismos que interferem na defesa normal de um indivíduo perante infecções ou doenças tumorais.
4 HIV: Abreviatura em inglês do vírus da imunodeficiência humana. É o agente causador da AIDS.
5 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
6 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
7 Estudo randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle - o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
8 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
9 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
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