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Manifestações clínicas da doença renal entre adultos com diabetes

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A nefropatia1 diabética é a principal causa de doença renal2 crônica em fase terminal em todo o mundo. Mudanças na demografia e nos tratamentos podem afetar a prevalência3 e as manifestações clínicas da doença renal2 diabética.

Saiba mais no artigo sobre "Insuficiência renal4 crônica".

Para caracterizar as manifestações clínicas da doença renal2 entre adultos norte-americanos com diabetes5, ao longo do tempo, foi realizada uma série de estudos transversais com adultos de 20 anos ou mais, com diabetes mellitus6, participantes das pesquisas do National Health and Nutrition Examination Surveys de 1988 a 2014.

A diabetes5 foi definida como a hemoglobina7 A1C8 superior a 6,5% ou indivíduos em uso de medicamentos hipoglicemiantes9. Outras definições consideradas foram: microalbuminúria10 (relação microalbuminúria10/creatinina11) maior ou igual a 30 mg/g, macroalbuminúria12 (relação microalbuminúria10/creatinina11) maior ou igual a 300 mg/g, taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) reduzida (TFGe<60 mL/min/1,73 m²) e TFGe severamente reduzida (TFGe<30 mL/min/1,73 m²), avaliando dados sobre a variabilidade biológica para estimar a prevalência3 de alterações persistentes.

Leia também os artigos sobre "Diabetes Mellitus6" e "Hemoglobina glicosilada13".

Houve 6.251 adultos com diabetes5 incluídos no estudo (1.431 de 1988 a 1994, 1.443 de 1999 a 2004, 1.280 de 2005 a 2008 e 2.097 de 2009 a 2014). A prevalência3 de qualquer doença renal2 diabética, definida como a albuminúria14 persistente, TFGe reduzida persistente, ou ambas, não se alterarou significativamente ao longo do tempo a partir de 28,4% (IC 95% de 23,8% -32,9%) em 1988-1994 para 26,2% (IC 95% de 22,6% -29,9%) em 2009-2014 com ajustes para idade, sexo e raça/etnia; P=0,39 para a tendência. No entanto, a prevalência3 de albuminúria14 diminuiu progressivamente ao longo do tempo a partir de 20,8% (IC 95%, 16,3% -25,3%) em 1988-1994 para 15,9% (IC 95%, 12,7% -19,0%) em 2009-2014 (P<0,001 para a tendência). Em contraste, a prevalência3 da taxa de filtração glomerular estimada reduzida aumentou de 9,2% (IC 95%, 6,2% -12,2%) em 1988-1994 para 14,1% (IC 95%, 11,3% -17,0%) em 2009-2014 (P<0,001 para a tendência), com um padrão semelhante para TFGe severamente reduzida (P=0,004 para a tendência).

Uma heterogeneidade significativa na tendência temporal para a albuminúria14 foi observada por idade (P=0,049 para a interação) e para raça/etnia (P=0,007 para a interação), com uma prevalência3 menor de albuminúria14 observada apenas entre os adultos com menos de 65 anos e não hispânicos brancos, enquanto que na prevalência3 maior da TFGe reduzida não houve diferenças significativas por idade ou raça/etnia. Em 2009-2014, cerca de 8,2 milhões de adultos com diabetes5 (IC 95%, 6,5-9,9 milhões de adultos) tiveram albuminúria14, TFG reduzida ou ambas.

As conclusões do trabalho mostram que nos adultos com diabetes5, entre 1988 e 2014, dos Estados Unidos, a prevalência3 global da nefropatia1 diabética não se alterou significativamente, enquanto que a prevalência3 de albuminúria14 diminuiu e a prevalência3 da taxa de filtração glomerular reduzida aumentou.

Veja os artigos: "Cinco atitudes saudáveis para evitar o diabetes mellitus6 tipo 2", "Prevenindo o Diabetes Mellitus6 e suas Complicações" e "O que afeta o comportamento da sua glicemia15?".

 

Fonte: The Journal of the American Medical Association (JAMA), de 9 de agosto de 2016

NEWS.MED.BR, 2016. Manifestações clínicas da doença renal entre adultos com diabetes. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1273198/manifestacoes-clinicas-da-doenca-renal-entre-adultos-com-diabetes.htm>. Acesso em: 18 abr. 2024.

Complementos

1 Nefropatia: Lesão ou doença do rim.
2 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
3 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
4 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
5 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
6 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
7 Hemoglobina: Proteína encarregada de transportar o oxigênio desde os pulmões até os tecidos do corpo. Encontra-se em altas concentrações nos glóbulos vermelhos.
8 A1C: O exame da Hemoglobina Glicada (A1C) ou Hemoglobina Glicosilada é um teste laboratorial de grande importância na avaliação do controle do diabetes. Ele mostra o comportamento da glicemia em um período anterior ao teste de 60 a 90 dias, possibilitando verificar se o controle glicêmico foi efetivo neste período. Isso ocorre porque durante os últimos 90 dias a hemoglobina vai incorporando glicose em função da concentração que existe no sangue. Caso as taxas de glicose apresentem níveis elevados no período, haverá um aumento da hemoglobina glicada. O valor de A1C mantido abaixo de 7% promove proteção contra o surgimento e a progressão das complicações microvasculares do diabetes (retinopatia, nefropatia e neuropatia).
9 Hipoglicemiantes: Medicamentos que contribuem para manter a glicose sangüínea dentro dos limites normais, sendo capazes de diminuir níveis de glicose previamente elevados.
10 Microalbuminúria: Pequena quantidade da proteína chamada albumina presente na urina, detectável por exame laboratorial. É um sinal precoce de dano aos rins (nefropatia), uma complicação comum e séria do diabetes. A ADA (American Diabetes Association) recomenda que as pessoas com diabetes tipo 2 testem a microalbuminúria no momento do diagnóstico e uma vez por ano após o diagnóstico. Pessoas com diabetes tipo 1 devem ser testadas após 5 anos do diagnóstico e a cada ano após o diagnóstico. A microalbuminúria é evitada com o controle da glicemia, redução na pressão sangüínea e modificação na dieta.
11 Creatinina: Produto residual das proteínas da dieta e dos músculos do corpo. É excretada do organismo pelos rins. Uma vez que as doenças renais progridem, o nível de creatinina aumenta no sangue.
12 Macroalbuminúria: Macroalbuminúria ou nefropatia clínica, também conhecida como fase de proteinúria. Nesta fase, os pacientes apresentam excreção urinária de albumina maior ou igual a 200 microgramas por minuto ou proteinúria maior ou igual a 500 mg em 24 horas.
13 Hemoglobina glicosilada: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
14 Albuminúria: Presença de albumina na urina. A albuminúria pode ser um sinal de nefropatia diabética (doença nos rins causada pelas complicações do diabetes mal controlado) ou aparecer em infecções urinárias.
15 Glicemia: Valor de concentração da glicose do sangue. Seus valores normais oscilam entre 70 e 110 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl).
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