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Sucos de frutas não devem ser introduzidos na dieta de bebês antes dos 12 meses de idade e não devem ser consumidos em excesso por crianças maiores

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O suco de fruta é comercializado como uma fonte saudável e natural de vitaminas e, em alguns casos, de cálcio. Pelo seu sabor agradável, é bem aceito pelas crianças. Embora o consumo de suco tenha alguns benefícios, ele também tem potenciais efeitos prejudiciais.

O alto teor de açúcar1 no suco contribui para aumentar o consumo de calorias2 e o risco de cárie dentária. Além disso, a falta de proteínas3 e fibras pode predispor ao ganho inapropriado de peso corporal (muito ou muito pouco). Os pediatras precisam estar bem informados sobre o consumo de suco para alertar pais e crianças sobre seu uso apropriado.

Saiba mais sobre o papel das "Proteínas3" e das "Fibras" no organismo.

Entre 2008 e 2013, as vendas de suco de fruta e bebidas à base de suco de fruta diminuíram, provavelmente como resultado do consumo de bebidas concorrentes e aumento do consumo de opções de alimentos saudáveis, especificamente frutas e vegetais. Bebidas contendo frutas tropicais, chás, bebidas esportivas e energéticas e outras combinações ("híbridos") apresentam uma variedade de novas opções mais "elegantes".

Crianças e adolescentes continuam a ser os maiores consumidores deste tipo de produto. Opções mais "saudáveis" estão ganhando popularidade, incluindo bebidas com baixas calorias2, sem açúcar1, bem como aquelas enriquecidas com ervas e especiarias. Infelizmente, os dados revelaram que as crianças de 2 a 18 anos de idade consumem quase metade da ingestão recomendada de frutas sob a forma de suco, o qual não possui fibra dietética e predispõe à ingestão calórica excessiva, mesmo apesar da diminuição desta proporção nos últimos anos.

As principais conclusões publicadas pela Academia Americana de Pediatria são:

  • Os sucos de frutas não oferecem benefícios nutricionais para crianças menores de 1 ano.
  • Os sucos de frutas não oferecem benefícios nutricionais maiores do que o consumo de frutas inteiras por bebês4 e crianças e não têm papel essencial em dietas saudáveis e equilibradas para crianças.
  • 100% de suco de fruta fresca ou reconstituída pode ser uma parte saudável da dieta de crianças com mais de um ano, quando consumido como parte de uma dieta bem balanceada. As bebidas que apenas contém suco de frutas, no entanto, não são nutricionalmente equivalentes ao suco natural de frutas.
  • O suco não é apropriado no tratamento da desidratação5 ou no manejo da diarreia6.
  • O consumo excessivo de suco pode estar associado à má nutrição7 (supernutrição e desnutrição8).
  • O consumo excessivo de suco está associado à diarreia6, flatulência, distensão abdominal e cárie dentária.
  • Os sucos não pasteurizados podem conter patógenos que podem causar doenças graves e devem ser administrados às crianças com cautela, se for o caso.
  • Uma variedade de sucos de frutas, fornecida em quantidade adequada para a idade de uma criança, não é susceptível de causar sintomas9 clínicos significativos.
  • Os sumos fortificados com cálcio fornecem uma fonte biodisponível de cálcio e, muitas vezes, de vitamina10 D, mas carecem de outros nutrientes presentes no leite humano, na fórmula láctea infantil ou no leite de vaca.
Leia sobre "Desidratação5", "Diarreia6", "Desnutrição8", "Flatulência" e "Cáries11 dentárias".

Portanto, as recomendações atuais são:

  • O suco não deve ser introduzido na dieta de bebês4 antes dos 12 meses de idade, a menos que seja indicado clinicamente. A ingestão de suco deve ser limitada a, no máximo, 120 ml/dia para crianças de 1 a 3 anos de idade e 120 a 180 ml/dia para crianças de 4 a 6 anos. Para crianças de 7 a 18 anos de idade, a ingestão de suco deve ser limitada a 240 ml ou metade das porções diárias recomendadas de frutas.
  • As crianças pequenas não devem receber suco em garrafa ou copo de fácil transporte, que lhes permitam consumir suco facilmente ao longo do dia, e não devem tomar suco na hora de dormir.
  • As crianças devem ser encorajadas a comer frutas inteiras para atender a sua ingestão diária recomendada de frutas, devem ser educadas quanto ao benefício da ingestão de fibras e sobre o maior tempo dispensado ao consumo para ingerir as mesmas quilocalorias ao consumir frutas inteiras em comparação ao menor tempo ao ingerir suco de frutas.
  • As famílias devem ser educadas para que, para satisfazer os requisitos recomendados de ingestão de fluidos, o leite humano e/ou a fórmula infantil é suficiente para lactentes12 e o leite com baixo teor de gordura13/sem gordura13 e a água são suficientes para crianças mais velhas.
  • O consumo de sucos não pasteurizados deve ser fortemente desencorajado em lactentes12, crianças e adolescentes.
  • O suco de toranja deve ser evitado em qualquer criança que tome medicação que seja metabolizada pelo citocromo P450 3A4 ou CYP3A4.
  • Na avaliação de crianças com má nutrição7 (supernutrição e desnutrição8), o pediatra deve determinar a quantidade de suco a ser consumida.
  • Na avaliação de crianças com diarreia6 crônica, flatulência excessiva, dor abdominal e inchaço14, o pediatra deve determinar a quantidade de suco a ser consumida.
  • Na avaliação do risco de cárie dentária, os pediatras devem discutir rotineiramente a relação entre o consumo de suco de fruta e os danos aos dentes e determinar a quantidade e os meios de consumo dos sucos.
  • Os pediatras devem discutir rotineiramente o uso de suco de fruta natural e de bebidas a base de frutas e devem educar crianças mais velhas, adolescentes e seus pais sobre as diferenças existentes entre os dois.
  • Os pediatras devem defender uma redução na quantidade de suco de fruta nas dietas de crianças pequenas e a eliminação de suco de frutas em crianças com ganho de peso anormal (pobre ou excessivo).
  • Os pediatras devem apoiar políticas que busquem reduzir o consumo de suco de frutas e promover o consumo de frutas inteiras por bebês4 e crianças pequenas (por exemplo, cuidados em creches e em escolas infantis) já expostos a sucos, inclusive através do Programa Especial de Nutrição15 Suplementar para Mulheres, Bebês4 e Crianças (WIC).
Veja também sobre "Perigos dos sucos em caixinhas", "Meu filho está fora do peso ideal" e "Crescimento infantil16".

 

Fonte: Pediatrics, em 22 de maio de 2017

 

NEWS.MED.BR, 2017. Sucos de frutas não devem ser introduzidos na dieta de bebês antes dos 12 meses de idade e não devem ser consumidos em excesso por crianças maiores. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/saude/1298628/sucos-de-frutas-nao-devem-ser-introduzidos-na-dieta-de-bebes-antes-dos-12-meses-de-idade-e-nao-devem-ser-consumidos-em-excesso-por-criancas-maiores.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Açúcar: 1. Classe de carboidratos com sabor adocicado, incluindo glicose, frutose e sacarose. 2. Termo usado para se referir à glicemia sangüínea.
2 Calorias: Dizemos que um alimento tem “x“ calorias, para nos referirmos à quantidade de energia que ele pode fornecer ao organismo, ou seja, à energia que será utilizada para o corpo realizar suas funções de respiração, digestão, prática de atividades físicas, etc.
3 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
4 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
5 Desidratação: Perda de líquidos do organismo pelo aumento importante da freqüência urinária, sudorese excessiva, diarréia ou vômito.
6 Diarréia: Aumento do volume, freqüência ou quantidade de líquido nas evacuações.Deve ser a manifestação mais freqüente de alteração da absorção ou transporte intestinal de substâncias, alterações estas que em geral são devidas a uma infecção bacteriana ou viral, a toxinas alimentares, etc.
7 Má nutrição: Qualquer transtorno da alimentação tanto por excesso quanto por falta da mesma.A qualidade dos alimentos deve ser balanceada de acordo com as necessidades fisiológicas de cada um.
8 Desnutrição: Estado carencial produzido por ingestão insuficiente de calorias, proteínas ou ambos. Manifesta-se por distúrbios do desenvolvimento (na infância), atrofia de tecidos músculo-esqueléticos e caquexia.
9 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
10 Vitamina: Compostos presentes em pequenas quantidades nos diversos alimentos e nutrientes e que são indispensáveis para o desenvolvimento dos processos biológicos normais.
11 Cáries: Destruição do esmalte dental produzida pela proliferação de bactérias na cavidade oral.
12 Lactentes: Que ou aqueles que mamam, bebês. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
13 Gordura: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Os alimentos que fornecem gordura são: manteiga, margarina, óleos, nozes, carnes vermelhas, peixes, frango e alguns derivados do leite. O excesso de calorias é estocado no organismo na forma de gordura, fornecendo uma reserva de energia ao organismo.
14 Inchaço: Inchação, edema.
15 Nutrição: Incorporação de vitaminas, minerais, proteínas, lipídios, carboidratos, oligoelementos, etc. indispensáveis para o desenvolvimento e manutenção de um indivíduo normal.
16 Crescimento Infantil: Aumento na estrutura do corpo, tendo em vista a multiplicação e o aumento do tamanho das células. Controla-se principalmente o peso corporal, a estatura e o perímetro cefálico, com o objetivo de saber o quanto a criança ganhou ou perdeu em determinados intervalos de tempo e tendo por base um acompanhamento a longo prazo, através de anotações em gráficos ou curvas de crescimento. O pediatra precisa conhecer e analisar vários fatores referentes à criança e a sua família, como o peso e a altura dos pais, o padrão de crescimento deles, os dados da gestação, o peso e a estatura ao nascimento e a alimentação do bebê para avaliar a situação do crescimento de determinada criança. Não é simplesmente consultar gráficos. Somente o médico da criança pode avaliar seu crescimento. Uma criança pode estar fora da “faixa mais comum de referência“ e, ainda assim, ter um crescimento normal.
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