Antidepressivos não parecem ser vantajosos no transtorno depressivo maior de crianças e adolescentes: meta-análise publicada pelo The Lancet
O transtorno depressivo maior é um dos transtornos mentais mais comuns em crianças e adolescentes. No entanto, ainda é motivo de controvérsia o uso de intervenções farmacológicas nesta população e qual medicação deve ser preferida nesta faixa etária. Com o objetivo de comparar e classificar antidepressivos e placebo1 no tratamento do transtorno depressivo maior em pessoas jovens, foi realizada uma meta-análise de rede publicada pelo The Lancet.
Foi feita uma meta-análise de rede para identificar evidências diretas e indiretas de ensaios relevantes. Foram pesquisados os bancos de dados PubMed, Cochrane Library, Web of Science, Embase, CINAHL, PsycINFO, Lilacs, sites de agências reguladoras e registros internacionais para identificar ensaios clínicos2 randomizados publicados e não publicados até 31 de maio de 2015, os quais envolviam o estudo do tratamento agudo3 do transtorno depressivo maior em crianças e adolescentes. Foram incluídos ensaios com amitriptilina, citalopram, clomipramina, desipramina, duloxetina, escitalopram, fluoxetina, imipramina, mirtazapina, nefazodona, nortriptilina, paroxetina, sertralina e venlafaxina. Foram excluídos os ensaios com participantes com depressão resistente ao tratamento, duração do tratamento menor do que quatro semanas ou com dimensão global da amostra de menos de dez pacientes. Os resultados primários foram a eficácia (alteração nos sintomas4 depressivos) e tolerabilidade (interrupção do tratamento devido a eventos adversos).
Foram considerados elegíveis 34 estudos, incluindo 5260 participantes e 14 tratamentos antidepressivos. A qualidade da evidência foi classificada como muito baixa na maioria das comparações. Para a eficácia, apenas a fluoxetina foi significativamente mais eficaz do que o placebo1. Em termos de tolerabilidade, a fluoxetina foi também melhor do que a duloxetina e a imipramina. Os pacientes que receberam imipramina, venlafaxina e duloxetina tiveram mais interrupções devido a eventos adversos do que aqueles que receberam placebo1.
Ao considerar os riscos versus benefícios dos antidepressivos no tratamento agudo3 da depressão maior em pessoas jovens, essas medicações não parecem oferecer uma vantagem clara para crianças e adolescentes. A fluoxetina é provavelmente a melhor opção a ser considerada quando um tratamento farmacológico é indicado.