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JAMA: uso crônico de opioides antes e depois da cirurgia bariátrica

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A obesidade1 está associada a vários tipos de dor crônica não oncológica. No entanto, não se sabe se o uso de opioides para o tratamento dessas dores fica reduzido após a realização de uma cirurgia bariátrica2.

Foi realizado um estudo, publicado no periódico The Journal of the American Medical Association (JAMA), para avaliar o uso de opioides após a cirurgia bariátrica2 em pacientes que fazem uso crônico3 desses medicamentos para controle da dor crônica antes do procedimento e determinar o efeito da depressão pré-operatória, dor crônica ou alterações pós-operatórias no índice de massa corporal4 (IMC5) sobre as mudanças no uso de opioides para a dor crônica no pós-operatório.

Os participantes do estudo de coorte6 retrospectivo7, realizado em uma rede de saúde8 distribuída (dez sistemas de cuidados de saúde8 dos EUA demográfica e geograficamente variados), incluíram 11.719 indivíduos, com 21 anos e mais velhos, que haviam sido submetidos à cirurgia bariátrica2 entre 2005 e 2009. Eles foram avaliados um ano antes e um ano após a cirurgia, com último acompanhamento até 31 de dezembro de 2010.

O uso de opioides foi medido por equivalentes de morfina um ano antes e um ano após a cirurgia, excluindo os primeiros trinta dias de pós-operatório. O uso crônico3 de opioides foi definido como uso de dez ou mais doses de opioides por 90 dias ou mais ou como dosificações de pelo menos uma fonte de 120 dias de opioides durante o ano anterior à cirurgia.

Antes da cirurgia, 8% (IC 95%, 7%-8%, n=933) dos pacientes bariátricos eram consumidores crônicos de opiáceos. Destes indivíduos, 77% (IC 95%, 75%-80%, n=723) continuaram o uso crônico3 de opioides no ano após a cirurgia. A média diária de equivalentes de morfina para os 933 pacientes bariátricos que eram consumidores crônicos de opiáceos antes da cirurgia foi de 45,0 mg (IC 95% 40,0-50,1) no pré-operatório e 51,9 mg (IC 95%, 46,0-57,8) no pós-operatório (P<0,001). Para este grupo com uso crônico3 de opioides antes da cirurgia, a mudança em equivalentes de morfina antes vs depois da cirurgia não diferiu entre os indivíduos com perda de mais de 50% de excesso de IMC5 vs aqueles com perda de 50% ou menos. Em outras análises de subgrupos em uso crônico3 de opioides no pré-operatório, alterações nos equivalentes de morfina antes vs depois da cirurgia não diferiu entre as pessoas com ou sem diagnóstico9 pré-operatório de depressão ou dor crônica, só dor crônica, depressão e dor crônica, nem depressão nem dor crônica. Os valores de P para modelar interações, quando comparados com os que não tinham diagnóstico9 de depressão ou dor crônica, foram de P=0,42 para a depressão, P=0,76 para a dor crônica e P=0,48 para ambos.

Concluiu-se que para esse grupo de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica2, 77% dos pacientes que eram consumidores crônicos de opiáceos antes da cirurgia, o uso crônico3 continuado de opioides no ano seguinte à cirurgia continuou e a quantidade usada foi maior no pós-operatório do que no pré-operatório. Estes achados sugerem a necessidade de um melhor manejo da dor nesses pacientes após a cirurgia.

Fonte: JAMA, volume 310, número 13, de 2 de outubro de 2013

NEWS.MED.BR, 2013. JAMA: uso crônico de opioides antes e depois da cirurgia bariátrica. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/501369/jama-uso-cronico-de-opioides-antes-e-depois-da-cirurgia-bariatrica.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.

Complementos

1 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
2 Cirurgia Bariátrica:
3 Crônico: Descreve algo que existe por longo período de tempo. O oposto de agudo.
4 Índice de massa corporal: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
5 IMC: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
6 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
7 Retrospectivo: Relativo a fatos passados, que se volta para o passado.
8 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
9 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
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