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Uso de aparelhos auditivos proporciona benefício cognitivo

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Tratar a perda auditiva faz diferença, sugere uma metanálise publicada no JAMA Neurology. Restaurar a perda auditiva com aparelhos auditivos ou implantes cocleares foi associado a menos declínio cognitivo1 a longo prazo e até mesmo algum ganho.

O uso de aparelhos auditivos por adultos com perda auditiva foi associado a uma redução relativa significativa de 19% no risco de qualquer declínio cognitivo1 em comparação com a perda auditiva não corrigida em estudos de longo prazo com acompanhamento variando de 2 a 25 anos.

O uso de aparelho auditivo ou implante2 coclear também foi associado a uma melhora de 3% nas pontuações cognitivas de curto prazo, de acordo com Benjamin Kye Jyn Tan, MBBS, da Universidade Nacional de Cingapura, e colegas.

“É importante ressaltar que esse benefício é evidente tanto para a cognição3 inicial normal quanto para o comprometimento cognitivo1 leve”, após “ajustar possíveis fatores de confusão, incluindo idade e sexo, educação, status socioeconômico e comorbidades”, relatou o grupo.

A perda auditiva foi identificada como um fator de risco4 modificável para demência5, observaram os pesquisadores. “Este estudo contribui para a crescente base de evidências e serve como um impulso para os médicos que tratam pacientes com perda auditiva para convencê-los a adotar dispositivos restauradores auditivos, para mitigar6 o risco de declínio cognitivo1, como demência”.

Leia sobre "Deficiência auditiva", "Surdez: como é" e "Surdez em idosos e o risco de demência5".

Embora a análise não tenha conseguido estabelecer causalidade, as descobertas apoiam a inclusão da avaliação auditiva “como parte de uma avaliação padrão para pacientes7 que podem estar apresentando declínio cognitivo”, concordou um editorial por Justin S. Golub, MD, da Columbia University, e co-autores que acompanhou a publicação do estudo.

No artigo publicado, os pesquisadores contextualizam que a perda auditiva está associada ao declínio cognitivo1. No entanto, não está claro se os dispositivos restauradores auditivos podem ter um efeito benéfico na cognição3.

O objetivo, portanto, foi avaliar as associações de aparelhos auditivos e implantes cocleares com declínio cognitivo1 e demência5.

Foram pesquisadas as bases de dados PubMed, Embase e Cochrane para estudos publicados desde o início até 23 de julho de 2021.

Foram selecionados ensaios clínicos8 randomizados ou estudos observacionais publicados como artigos completos em periódicos, revisados por pares, relacionados ao efeito de intervenções auditivas na função cognitiva9, declínio cognitivo1, comprometimento cognitivo1 e demência5 em pacientes com perda auditiva.

A revisão foi conduzida de acordo com as diretrizes de relatórios dos Itens Preferenciais para Revisão Sistemática e Metanálises (PRISMA). Dois autores pesquisaram independentemente os bancos de dados PubMed, Embase e Cochrane em busca de estudos relacionados ao efeito de intervenções auditivas no declínio cognitivo1 e demência5 em pacientes com perda auditiva.

Razões de risco (HRs) ajustadas ao máximo foram usadas para resultados dicotômicos e razão de médias para resultados contínuos. As fontes de heterogeneidade foram investigadas por meio de análises de sensibilidade e subgrupo, e o viés de publicação foi avaliado por meio de inspeção10 visual, teste de Egger e trim and fill.

Um total de 3.243 estudos foram analisados. Foram selecionados 31 estudos (25 estudos observacionais, 6 ensaios) com 137.484 participantes, dos quais 19 (15 estudos observacionais, 4 ensaios) foram incluídos em análises quantitativas.

A metanálise de 8 estudos, que tinham 126.903 participantes, com uma duração de acompanhamento variando de 2 a 25 anos e que estudou associações de longo prazo entre o uso de aparelhos auditivos e declínio cognitivo1, mostrou riscos significativamente menores de qualquer declínio cognitivo1 entre usuários de aparelhos auditivos em comparação com participantes com perda auditiva não corrigida (HR, 0,81; IC 95%, 0,76-0,87; I² = 0%).

Além disso, a metanálise de 11 estudos com 568 participantes, estudando a associação entre a restauração da audição e as alterações na pontuação dos testes cognitivos11 de curto prazo, revelou uma melhora de 3% nas pontuações dos testes cognitivos11 de curto prazo após o uso de aparelhos auditivos (razão de médias, 1,03; IC 95%, 1,02-1,04, I² = 0%).

Nesta metanálise, o uso de dispositivos restauradores auditivos por participantes com perda auditiva foi associado a uma redução de 19% nos riscos de declínio cognitivo1 de longo prazo. Além disso, o uso desses dispositivos foi significativamente associado a uma melhoria de 3% nas pontuações dos testes cognitivos11 que avaliaram a cognição3 geral no curto prazo.

Um benefício cognitivo1 dos dispositivos restauradores auditivos deve ser mais investigado em estudos randomizados.

Veja também sobre "Demência5", "Implante2 coclear ou ouvido biônico" e "Aparelho auditivo ancorado no osso".

 

Fontes:
JAMA Neurology, publicação em 05 de dezembro de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 05 de dezembro de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Uso de aparelhos auditivos proporciona benefício cognitivo. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1430655/uso-de-aparelhos-auditivos-proporciona-beneficio-cognitivo.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
2 Implante: 1. Em cirurgia e odontologia é o material retirado do próprio indivíduo, de outrem ou artificialmente elaborado que é inserido ou enxertado em uma estrutura orgânica, de modo a fazer parte integrante dela. 2. Na medicina, é qualquer material natural ou artificial inserido ou enxertado no organismo. 3. Em patologia, é uma célula ou fragmento de tecido, especialmente de tumores, que migra para outro local do organismo, com subsequente crescimento.
3 Cognição: É o conjunto dos processos mentais usados no pensamento, percepção, classificação, reconhecimento e compreensão para o julgamento através do raciocínio para o aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas.
4 Fator de risco: Qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa desenvolver uma doença.
5 Demência: Deterioração irreversível e crônica das funções intelectuais de uma pessoa.
6 Mitigar: Tornar mais brando, mais suave, menos intenso (geralmente referindo-se à dor ou ao sofrimento); aliviar, suavizar, aplacar.
7 Para pacientes: Você pode utilizar este texto livremente com seus pacientes, inclusive alterando-o, de acordo com a sua prática e experiência. Conheça todos os materiais Para Pacientes disponíveis para auxiliar, educar e esclarecer seus pacientes, colaborando para a melhoria da relação médico-paciente, reunidos no canal Para Pacientes . As informações contidas neste texto são baseadas em uma compilação feita pela equipe médica da Centralx. Você deve checar e confirmar as informações e divulgá-las para seus pacientes de acordo com seus conhecimentos médicos.
8 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
9 Cognitiva: 1. Relativa ao conhecimento, à cognição. 2. Relativa ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
10 Inspeção: 1. Ato ou efeito de inspecionar; exame, vistoria, inspecionamento. 2. Ato ou efeito de fiscalizar; fiscalização, supervisão, observação. 3. Exame feito por inspetor (es).
11 Cognitivos: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
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