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Rituximabe precocemente na miastenia gravis reduz risco de agravamento da doença e necessidade de terapias adicionais

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Uma única infusão de rituximabe está associada a maior probabilidade de manifestações mínimas da doença em 4 meses na miastenia1 gravis generalizada de início recente?

O rituximabe é uma opção de terceira linha para miastenia1 gravis (MG) generalizada refratária com base em evidências empíricas, mas seu efeito na doença de início recente é desconhecido.

O objetivo deste estudo, publicado no JAMA Neurology, foi investigar a eficácia e segurança do rituximabe em comparação com placebo2 como um complemento ao tratamento padrão para MG.

Saiba mais sobre "Miastenia1 gravis - o que é" e "Doenças neuromusculares".

Este estudo randomizado3, duplo-cego e controlado por placebo2 ocorreu durante 48 semanas em 7 clínicas regionais na Suécia. Os principais critérios de inclusão foram: idade superior a 18 anos, início dos sintomas4 generalizados dentro de 12 meses ou menos e uma pontuação do Quantitative Miastenia1 Gravis (QMG) de 6 ou mais.

Os pacientes foram selecionados de 20 de outubro de 2016 a 2 de março de 2020. Os principais critérios de exclusão incluíram MG ocular pura, suspeita de timoma, timectomia prévia e imunossupressores não corticosteroides prévios ou altas doses de corticosteroides.

Os participantes foram randomizados 1:1 sem estratificação para uma única infusão intravenosa de 500 mg de rituximabe ou placebo2 correspondente.

O principal desfecho foi manifestações mínimas da doença em 16 semanas definidas como uma pontuação do QMG de 4 ou menos com prednisolona, 10 mg ou menos diariamente, e nenhum tratamento de resgate.

Dos 87 pacientes potencialmente elegíveis, 25 foram randomizados para rituximabe (média [DP] de idade, 67,4 [13,4] anos; 7 [28%] mulheres) e 22 para placebo2 (média [DP] de idade, 58 [18,6] anos; 7 [32%] mulheres).

Comparado ao placebo2, uma proporção maior de pacientes com rituximabe atingiu o desfecho primário; 71% (17 de 24) no grupo rituximabe vs 29% (6 de 21) no grupo placebo2 (teste exato de Fisher P = 0,007; razão de probabilidade, 2,48 [IC 95%, 1,20-5,11]).

Os desfechos secundários, comparando as mudanças nas escalas Atividades da Vida Diária da Miastenia1 Gravis e Qualidade de Vida da Miastenia1 Gravis em 16 semanas com o QMG em 24 semanas não diferiram entre os grupos com censura para tratamento de resgate (análise por protocolo), mas foram a favor do tratamento ativo quando o tratamento de resgate foi levado em consideração pela imputação de pior classificação (análise post hoc).

Os tratamentos de resgate também foram mais frequentes no braço placebo2 (rituximabe: 1 [4%]; placebo2, 8 [36%]). Um paciente no braço placebo2 teve um infarto do miocárdio5 com parada cardíaca e 1 paciente no braço ativo sofreu um evento cardíaco fatal.

O estudo concluiu que uma dose única de 500 mg de rituximabe foi associada com maior probabilidade de manifestações mínimas da miastenia1 gravis e menor necessidade de medicamentos de resgate em comparação com placebo2.

Dessa forma, o tratamento com rituximabe pode ser considerado precocemente após o início da miastenia1 gravis generalizada para reduzir o risco de agravamento da doença e/ou necessidade de terapias adicionais.

Mais estudos são necessários para abordar a relação risco-benefício a longo prazo com este tratamento.

Leia também sobre "Doenças crônicas" e "Doenças autoimunes6".

 

Fonte: JAMA Neurology, publicação em 19 de setembro de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Rituximabe precocemente na miastenia gravis reduz risco de agravamento da doença e necessidade de terapias adicionais. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1426020/rituximabe-precocemente-na-miastenia-gravis-reduz-risco-de-agravamento-da-doenca-e-necessidade-de-terapias-adicionais.htm>. Acesso em: 23 abr. 2024.

Complementos

1 Miastenia: Perda das forças musculares ocasionada por doenças musculares inflamatórias. Por ex. Miastenia Gravis. A debilidade pode predominar em diferentes grupos musculares segundo o tipo de afecção (debilidade nos músculos extrínsecos do olho, da pelve, ou dos ombros, etc.).
2 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
3 Estudo randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle - o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
4 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
5 Infarto do miocárdio: Interrupção do suprimento sangüíneo para o coração por estreitamento dos vasos ou bloqueio do fluxo. Também conhecido por ataque cardíaco.
6 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
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