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Maior ingestão total de peixe foi associada a um risco 22% maior de melanoma maligno

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O maior consumo de peixe, incluindo atum e outros peixes não fritos, foi associado a um risco aumentado de melanoma1, indicaram os achados de um grande estudo de coorte2 prospectivo3 publicado no periódico científico Cancer4 Causes & Control.

O exame de dados de quase meio milhão de participantes do NIH-AARP Diet and Health Study revelou que os indivíduos no quintil5 mais alto da ingestão total de peixes tinham um risco 22% maior de melanoma1 maligno em comparação com aqueles no quintil5 inferior, após ajuste multivariável que incluiu fatores de risco específicos de melanoma1.

Um risco igualmente maior também foi observado para melanoma1 in situ6.

Saiba mais sobre "Melanoma1" e "Câncer4 de pele7".

“Nossas descobertas podem ser explicadas por contaminantes em peixes, como bifenilos policlorados, dioxinas, arsênico e mercúrio”, escreveram os pesquisadores. “A maior ingestão de peixe está associada a um maior nível de carga corporal de cada um desses contaminantes, que estão associados a um maior risco de câncer4 de pele7”.

As associações foram consistentes considerando vários fatores demográficos e de estilo de vida e para atum e peixe não frito:

  • Atum, melanoma1 maligno: HR 1,20 (IC 95% 1,09-1,31)
  • Atum, melanoma1 in situ6: HR 1,17 (95 CI 1,05-1,31)
  • Peixe não frito, melanoma1 maligno: HR 1,18 (IC 95% 1,07-1,30)
  • Peixe não frito, melanoma1 in situ6: HR 1,25 (IC 95% 1,11-1,42)

Enquanto isso, peixe frito – que nunca foi acusado de ser saudável – foi associado a um risco menor, embora não significativo, de melanoma1 maligno.

Os autores fizeram o possível para controlar os fatores de confusão, mas tecnicamente é bastante difícil controlar adequadamente o mais importante – a exposição ao sol ao longo da vida.

No artigo, os pesquisadores contextualizam que estudos epidemiológicos anteriores avaliando a associação entre a ingestão de peixe e o risco de melanoma1 foram poucos e inconsistentes. Poucos estudos distinguiram diferentes tipos de ingestão de peixes com risco de melanoma1.

Eles então resolveram examinar as associações entre a ingestão total de peixes e de tipos específicos de peixes e risco de melanoma1 entre 491.367 participantes (idades entre 50 e 71 anos) do NIH-AARP Diet and Health Study. Foi usada a regressão de riscos proporcionais de Cox com ajuste multivariável para estimar as razões de risco (HRs) e intervalos de confiança (ICs) de 95%.

Durante 6.611.941 pessoas-ano de acompanhamento com média de 15,5 anos, foram identificados 5.034 casos de melanoma1 maligno e 3.284 casos de melanoma1 in situ6.

Houve uma associação positiva entre maior ingestão total de peixes e risco de melanoma1 maligno (HR = 1,22, IC 95% = 1,11-1,34 para quintis superior vs. inferior, p para tendência = 0,001) e melanoma1 in situ6 (HR = 1,28, IC 95% = 1,13 -1,44 para quintis superior vs. inferior, p para tendência = 0,002).

As associações positivas foram consistentes considerando vários fatores demográficos e de estilo de vida. Houve também associações positivas entre a ingestão de atum e a ingestão de peixe não frito e risco de melanoma1 maligno e melanoma1 in situ6. No entanto, a ingestão de peixe frito foi inversamente associada ao risco de melanoma1 maligno, mas não de melanoma1 in situ6.

Descobriu-se que a maior ingestão total de peixe, ingestão de atum e ingestão de peixe não frito foram positivamente associadas ao risco de melanoma1 maligno e melanoma1 in situ6. Estudos futuros são necessários para investigar os potenciais mecanismos biológicos subjacentes a essas associações.

Leia sobre "Cuidados com a pele7" e "O que é uma alimentação saudável".

 

Fontes:
Cancer4 Causes & Control, publicação em 09 de junho de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 09 de junho de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Maior ingestão total de peixe foi associada a um risco 22% maior de melanoma maligno. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1419270/maior-ingestao-total-de-peixe-foi-associada-a-um-risco-22-maior-de-melanoma-maligno.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Melanoma: Neoplasia maligna que deriva dos melanócitos (as células responsáveis pela produção do principal pigmento cutâneo). Mais freqüente em pessoas de pele clara e exposta ao sol.Podem derivar de manchas prévias que mudam de cor ou sangram por traumatismos mínimos, ou instalar-se em pele previamente sã.
2 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
3 Prospectivo: 1. Relativo ao futuro. 2. Suposto, possível; esperado. 3. Relativo à preparação e/ou à previsão do futuro quanto à economia, à tecnologia, ao plano social etc. 4. Em geologia, é relativo à prospecção.
4 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
5 Quintil: 1. Em estatística, diz-se de ou qualquer separatriz que divide a área de uma distribuição de frequência em cinco domínios de áreas iguais. O termo quintil também é utilizado, por vezes, para designar uma das quintas partes da amostra ordenada. 2. Em astronomia, é o aspecto de dois planetas distantes 72° entre si (distância angular correspondente a um quinto do Zodíaco). 3. Em matemática, é o mesmo que quíntico. A palavra quintil deriva do latim quintus, que significa quinto.
6 In situ: Mesmo que in loco , ou seja, que está em seu lugar natural ou normal (diz-se de estrutura ou órgão). Em oncologia, é o que permanece confinado ao local de origem, sem invadir os tecidos vizinhos (diz-se de tumor).
7 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
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