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Neurofilamento de cadeia leve (NfL) foi associado ao desenvolvimento e gravidade da doença de Parkinson

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O neurofilamento de cadeia leve (NfL) sérico, uma medida de lesão1 axonal, foi associado à doença de Parkinson2 incidente3, sinais4 parkinsonianos e declínio no funcionamento físico, mostrou um estudo longitudinal publicado na revista Neurology.

Entre 1.300 pessoas no Projeto de Saúde5 e Envelhecimento de Chicago (CHAP), uma concentração duas vezes maior de NfL sérico foi associada à doença de Parkinson2 clínica incidente3, de acordo com os autores.

Em comparação com pessoas no quartil mais baixo de NfL sérico na linha de base, aquelas com concentrações mais altas tiveram maiores chances de doença de Parkinson2 clínica em todos os momentos, desde a data do diagnóstico6 até mais de 5 anos antes.

“Este estudo confirma o potencial do NfL para detectar uma doença neurológica anos antes que o quadro clínico se manifeste, mesmo no caso da doença de Parkinson2, onde o líquido cefalorraquidiano7 (LCR) e o NfL sanguíneo não atingem claramente o pico na fase clínica como em outras doenças degenerativas8 do sistema nervoso central9 (SNC10)”, escreveram Lorenzo Gaetani, MD, PhD, e Lucilla Parnetti, MD, PhD, ambos da Universidade de Perugia, na Itália, em um editorial que acompanhou a publicação do estudo.

Saiba mais sobre "Doença ou Mal de Parkinson" e "Doenças degenerativas8".

Nos últimos anos, imunoensaios ultrassensíveis tornaram possível medir o NfL no soro11 e no plasma12, observaram. “Esta sentinela de dano neuronal demonstrou detectar a presença de uma variedade de doenças do SNC10, desde esclerose múltipla13 até doença de Alzheimer14, demência15 frontotemporal, doenças do neurônio motor, parkinsonismo, doença cerebrovascular16 e traumatismo17 craniano”, observaram.

Os biomarcadores sanguíneos podem permitir a identificação precoce da doença de Parkinson2 (DP), parkinsonismo e resultados ruins relacionados à DP, como o funcionamento físico. O neurofilamento de cadeia leve (NfL), uma proteína citoplasmática neuronal, é um biomarcador de neurodegeneração mensurável em biofluidos.

O objetivo neste estudo foi examinar a associação de NfL sérico no início do estudo com DP clinicamente diagnosticada, sinais4 parkinsonianos e alteração do funcionamento físico ao longo de 16 anos em uma amostra populacional de idosos.

Os dados vieram de 1.327 participantes idosos do Chicago Health and Aging Project (CHAP), um estudo longitudinal de base populacional. As avaliações clínicas incluíram a avaliação de sinais4 parkinsonianos em quatro domínios, bradicinesia18, marcha parkinsoniana, rigidez e tremores usando uma versão estruturada da United Parkinson's Disease Rating Scale. Neurologistas certificados pelo conselho diagnosticaram a DP. O funcionamento físico foi avaliado por meio de testes de levantar da cadeira, caminhada em posição tandem e caminhada cronometrada. Um imunoensaio ultrassensível foi usado para medir a concentração de NfL no sangue19.

Dos 1.254 participantes em que a DP clínica foi examinada, 77 (6,1%) desenvolveram DP clínica e os sinais4 parkinsonianos foram em média 9,5 (intervalo = 0-66,0). Após o ajuste para características demográficas, alelo20 APOE-e4 e cognição21 global, uma concentração 2 vezes maior de NfL sérico foi associada à DP clínica incidente3 (OR = 2,54, IC 95%: 1,70, 3,81) e a sinais4 parkinsonianos globais (OR = 2,44, IC 95%: 1,94, 2,94). Esta associação foi significativa ao longo de cinco anos antes do diagnóstico6.

Em comparação com participantes abaixo de 18,5 pg/mL de NfL sérico na linha de base, os participantes entre 18,5-25,4 pg/mL, 25,4-37,3 pg/mL e acima de 37,3 pg/mL tiveram uma maior razão de chances de DP clínica em todos os intervalos de tempo variando desde o momento do diagnóstico6 até mais de cinco anos antes do diagnóstico6.

Uma concentração mais alta de NfL sérico foi associada a uma taxa mais rápida de declínio do funcionamento físico. Em participantes com concentrações 2 vezes maiores de NfL sérico, a taxa anual de declínio no funcionamento físico aumentou em 0,15 unidades (IC 95%: 0,21, 0,08).

O estudo concluiu que o neurofilamento de cadeia leve sérico foi associado a doença de Parkinson2 clínica incidente3, sinais4 parkinsonianos e declínio do funcionamento físico em uma amostra de base populacional (evidências de Classe II). Esses resultados sugerem que o NfL pode servir como um potencial biomarcador para neurodegeneração, incluindo os resultados da doença de Parkinson2.

Leia sobre "10 sinais4 precoces da doença de Parkinson2" e "Os diversos tipos de tremores".

 

Fontes:
Neurology, publicação em 13 de abril de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 15 de abril de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Neurofilamento de cadeia leve (NfL) foi associado ao desenvolvimento e gravidade da doença de Parkinson. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1415265/neurofilamento-de-cadeia-leve-nfl-foi-associado-ao-desenvolvimento-e-gravidade-da-doenca-de-parkinson.htm>. Acesso em: 25 abr. 2024.

Complementos

1 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
2 Doença de Parkinson: Doença degenerativa que afeta uma região específica do cérebro (gânglios da base), e caracteriza-se por tremores em repouso, rigidez ao realizar movimentos, falta de expressão facial e, em casos avançados, demência. Os sintomas podem ser aliviados por medicamentos adequados, mas ainda não se conhece, até o momento, uma cura definitiva.
3 Incidente: 1. Que incide, que sobrevém ou que tem caráter secundário; incidental. 2. Acontecimento imprevisível que modifica o desenrolar normal de uma ação. 3. Dificuldade passageira que não modifica o desenrolar de uma operação, de uma linha de conduta.
4 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
5 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
6 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
7 Líquido cefalorraquidiano: Líquido cefalorraquidiano (LCR), também conhecido como líquor ou fluido cérebro espinhal, é definido como um fluido corporal estéril, incolor, encontrado no espaço subaracnoideo no cérebro e na medula espinhal (entre as meninges aracnoide e pia-máter). Caracteriza-se por ser uma solução salina pura, com baixo teor de proteínas e células, atuando como um amortecedor para o córtex cerebral e a medula espinhal. Possui também a função de fornecer nutrientes para o tecido nervoso e remover resíduos metabólicos do mesmo. É sintetizado pelos plexos coroidais, epitélio ventricular e espaço subaracnoideo em uma taxa de aproximadamente 20 mL/hora. Em recém-nascidos, este líquido é encontrado em um volume que varia entre 10 a 60 mL, enquanto que no adulto fica entre 100 a 150 mL.
8 Degenerativas: Relativas a ou que provocam degeneração.
9 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
10 SNC: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
11 Soro: Chama-se assim qualquer líquido de características cristalinas e incolor.
12 Plasma: Parte que resta do SANGUE, depois que as CÉLULAS SANGÜÍNEAS são removidas por CENTRIFUGAÇÃO (sem COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA prévia).
13 Esclerose múltipla: Doença degenerativa que afeta o sistema nervoso, produzida pela alteração na camada de mielina. Caracteriza-se por alterações sensitivas e de motilidade que evoluem através do tempo produzindo dano neurológico progressivo.
14 Alzheimer: Doença degenerativa crônica que produz uma deterioração insidiosa e progressiva das funções intelectuais superiores. É uma das causas mais freqüentes de demência. Geralmente começa a partir dos 50 anos de idade e tem incidência similar entre homens e mulheres.
15 Demência: Deterioração irreversível e crônica das funções intelectuais de uma pessoa.
16 Doença cerebrovascular: É um dano aos vasos sangüíneos do cérebro que resulta em derrame (acidente vascular cerebral). Os vasos tornam-se obstruídos por depósitos de gordura (aterosclerose) ou tornam-se espessados ou duros bloqueando o fluxo sangüíneo para o cérebro. Quando o fluxo é interrompido, as células nervosas sofrem dano ou morrem, resultando no derrame. Pacientes com diabetes descompensado têm maiores riscos de AVC.
17 Traumatismo: Lesão produzida pela ação de um agente vulnerante físico, químico ou biológico e etc. sobre uma ou várias partes do organismo.
18 Bradicinesia: Dificuldade de iniciar os movimentos, lentidão nos movimentos e dificuldade de realizar os movimentos com fluência. É o sintoma mais proeminente na doença de Parkinson e que leva à incapacidade de realização das atividades diárias.
19 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
20 Alelo: 1. Que ocupa os mesmos loci (locais) nos cromossomos (diz-se de gene). 2. Em genética, é cada uma das formas que um gene pode apresentar e que determina características diferentes.
21 Cognição: É o conjunto dos processos mentais usados no pensamento, percepção, classificação, reconhecimento e compreensão para o julgamento através do raciocínio para o aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas.
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