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Semaglutida induziu maior perda de peso do que a liraglutida em adultos obesos ou com sobrepeso sem diabetes

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Em uma comparação de agonistas do receptor de GLP-1 injetáveis, a semaglutida (Wegovy) pareceu superar a liraglutida (Saxenda) quando se tratava de perda de peso, de acordo com o estudo de fase IIIb STEP 8.

Em um estudo randomizado1 de 2,4 mg de semaglutida, 3,0 mg de liraglutida e placebo2 correspondente para ambos, aqueles que receberam semaglutida mais dieta e exercício tiveram uma perda média 9,4% maior no peso basal em comparação com aqueles que receberam liraglutida, relatou Domenica M. Rubino, MD, do Washington Center for Weight Management and Research nos EUA, e colegas em artigo publicado no JAMA.

Ao longo do estudo de 68 semanas, adultos com sobrepeso3 ou obesidade4, mas sem diabetes5, usando semaglutida, tiveram uma perda de peso média de 15,8% versus 6,4% com liraglutida – atendendo ao objetivo primário do estudo.

Além disso, aqueles usando semaglutida tiveram maiores chances de alcançar perda de peso versus liraglutida, atingindo desfechos secundários confirmatórios:

  • 10% ou mais de perda de peso: alcançado em 70,9% vs 25,6% dos pacientes, respectivamente
  • 15% ou mais: 55,6% vs 12% dos pacientes
  • 20% ou mais: 38,5% vs 6% dos pacientes
Saiba mais sobre "Obesidade4", "O perigo dos remédios para emagrecer" e "Dietas para emagrecer".

Adicionalmente, 27,6% dos pacientes em tratamento com liraglutida descontinuaram o tratamento por qualquer motivo, em comparação com 13,5% no grupo de semaglutida. Como esperado com qualquer agonista6 do receptor de GLP-1, uma grande proporção de ambos os grupos de tratamento relatou eventos adversos gastrointestinais.

Embora ambos os agentes induzam a perda de peso reduzindo a ingestão de energia, os pesquisadores apontaram que a redução da ingestão calórica parece ser maior com a semaglutida – cerca de 35% versus 16% com a liraglutida.

“A semaglutida também foi associada a reduções nos desejos por comida, o que é menos evidente com a liraglutida, sugerindo diferentes mecanismos de regulação da ingestão de energia”, escreveram eles. “Mais pesquisas são necessárias para investigar se as diferenças estruturais afetam esses mecanismos, por exemplo, permitindo que a semaglutida tenha como alvo uma gama mais ampla de receptores de GLP-1 neuronais do que a liraglutida”.

No artigo, os pesquisadores contextualizam como ensaios clínicos7 de fase 3 não compararam semaglutida e liraglutida, análogos do peptídeo-1 semelhante ao glucagon8 disponíveis para controle de peso.

Assim, o objetivo do estudo foi comparar a eficácia e os perfis de eventos adversos de semaglutida subcutânea9 uma vez por semana, 2,4 mg, vs liraglutida subcutânea9 uma vez ao dia, 3,0 mg (ambas com dieta e atividade física), em pessoas com sobrepeso3 ou obesidade4.

O ensaio de fase 3b randomizado10, aberto, de 68 semanas, foi realizado em 19 locais dos EUA de setembro de 2019 (inscrição: 11 de setembro a 26 de novembro) a maio de 2021 (final do acompanhamento: 11 de maio) em adultos com índice de massa corporal11 de 30 ou mais ou 27 ou mais com uma ou mais comorbidades12 relacionadas ao peso, sem diabetes5 (N = 338).

Os participantes foram randomizados (3:1:3:1) para receber semaglutida subcutânea9 uma vez por semana, 2,4 mg (escalonamento de 16 semanas; n = 126), ou placebo2 correspondente, ou liraglutida subcutânea9 uma vez ao dia, 3,0 mg (escalonamento de 4 semanas; n = 127), ou placebo2 correspondente, mais dieta e atividade física. Os participantes incapazes de tolerar 2,4 mg de semaglutida poderiam receber 1,7 mg; os participantes incapazes de tolerar 3,0 mg de liraglutida interromperam o tratamento e puderam reiniciar a titrimetria de 4 semanas. Grupos placebo2 foram agrupados (n = 85).

O desfecho primário foi a alteração percentual no peso corporal, e os desfechos secundários confirmatórios foram a obtenção de 10% ou mais, 15% ou mais e 20% ou mais de perda de peso, avaliada para semaglutida vs liraglutida na semana 68.

Comparações de semaglutida vs liraglutida foram abertas, com grupos de tratamento ativo duplo-cegos contra grupos placebo2 pareados. As comparações de tratamentos ativos versus placebo2 agrupado foram desfechos secundários de suporte.

De 338 participantes randomizados (idade média [DP], 49 [13] anos; 265 mulheres [78,4%]; peso corporal médio [DP], 104,5 [23,8] kg; índice de massa corporal11 médio [DP], 37,5 [6,8]), 319 (94,4%) completaram o estudo e 271 (80,2%) completaram o tratamento.

A mudança média de peso desde a linha de base foi -15,8% com semaglutida vs -6,4% com liraglutida (diferença, -9,4 pontos percentuais [IC 95%, -12,0 a -6,8]; P <0,001); a mudança de peso no grupo de placebo2 agrupado foi de -1,9%.

Os participantes tiveram chances significativamente maiores de alcançar 10% ou mais, 15% ou mais e 20% ou mais de perda de peso com semaglutida vs liraglutida (70,9% dos participantes vs 25,6% [odds ratio, 6,3 {IC 95%, 3,5 a 11,2}], 55,6% vs 12,0% [odds ratio, 7,9 {IC 95%, 4,1 a 15,4}], e 38,5% vs 6,0% [odds ratio, 8,2 {IC 95%, 3,5 a 19,1}], respectivamente; todos P <0,001).

A proporção de participantes que descontinuaram o tratamento por qualquer motivo foi de 13,5% com semaglutida e 27,6% com liraglutida. Eventos adversos gastrointestinais foram relatados por 84,1% com semaglutida e 82,7% com liraglutida.

O estudo concluiu que, entre os adultos com sobrepeso3 ou obesidade4 sem diabetes5, a semaglutida subcutânea9 uma vez por semana em comparação com a liraglutida subcutânea9 uma vez ao dia, somada ao aconselhamento sobre dieta e atividade física, resultou em perda de peso significativamente maior às 68 semanas.

Leia sobre "Tratando a obesidade4", "Peso ideal e como calculá-lo" e "Calorias13: como deve ser a ingestão calórica diária".

 

Fontes:
JAMA, publicação em 11 de janeiro de 2022. (doi:10.1001/jama.2021.23619)
MedPage Today, notícia publicada em 11 de janeiro de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Semaglutida induziu maior perda de peso do que a liraglutida em adultos obesos ou com sobrepeso sem diabetes. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1408740/semaglutida-induziu-maior-perda-de-peso-do-que-a-liraglutida-em-adultos-obesos-ou-com-sobrepeso-sem-diabetes.htm>. Acesso em: 16 abr. 2024.

Complementos

1 Estudo randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle - o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
2 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
3 Sobrepeso: Peso acima do normal, índice de massa corporal entre 25 e 29,9.
4 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
5 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
6 Agonista: 1. Em farmacologia, agonista refere-se às ações ou aos estímulos provocados por uma resposta, referente ao aumento (ativação) ou diminuição (inibição) da atividade celular. Sendo uma droga receptiva. 2. Lutador. Na Grécia antiga, pessoa que se dedicava à ginástica para fortalecer o físico ou como preparação para o serviço militar.
7 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
8 Glucagon: Hormônio produzido pelas células-alfa do pâncreas. Ele aumenta a glicose sangüínea. Uma forma injetável de glucagon, disponível por prescrição médica, pode ser usada no tratamento da hipoglicemia severa.
9 Subcutânea: Feita ou situada sob a pele; hipodérmica.
10 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
11 Índice de massa corporal: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
12 Comorbidades: Coexistência de transtornos ou doenças.
13 Calorias: Dizemos que um alimento tem “x“ calorias, para nos referirmos à quantidade de energia que ele pode fornecer ao organismo, ou seja, à energia que será utilizada para o corpo realizar suas funções de respiração, digestão, prática de atividades físicas, etc.
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