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Apneia obstrutiva do sono pediátrica foi associada a quase 3 vezes mais chances de pressão arterial elevada na adolescência

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Embora as diretrizes pediátricas tenham delineado limites atualizados para pressão arterial1 elevada (PAe) em jovens, e as diretrizes para adultos reconheçam a apneia obstrutiva do sono2 (AOS) como um fator de risco3 estabelecido para a PAe, a associação relativa de AOS pediátrica com a PAe na adolescência permanece inexplorada.

Assim, o objetivo deste estudo, publicado no JAMA Cardiology, foi avaliar a associação da AOS pediátrica com a PAe e sua reatividade ortostática na adolescência.

No início deste estudo de coorte4 de base populacional (Penn State Child Cohort) em 2000-2005, uma amostra aleatória de 700 crianças com idades entre 5 e 12 anos da população em geral foi estudada. Um total de 421 participantes (60,1%) foram acompanhados em 2010-2013, após 7,4 anos, como adolescentes (idades, 12-23 anos). As análises de dados foram conduzidas de 6 de julho a 29 de outubro de 2020.

Saiba mais sobre "Apneia5 do sono", "Apneia5 do sono em bebê" e "Hipertensão arterial6 na infância".

Os desfechos foram o escore do índice de apneia-hipopneia7 (IAH), apurado por meio de polissonografia8 realizada em laboratório; PAe medida na posição sentada identificada usando critérios pediátricos recomendados pelas diretrizes; hiper-reatividade ortostática identificada com a PA avaliada nas posições supina e ortostática; e tecido adiposo9 visceral avaliado por absorciometria de raios-x de dupla energia.

Entre os 421 participantes (idade média [DP] no acompanhamento, 16,5 [2,3] anos), 227 (53,9%) eram do sexo masculino e 92 (21,9%) eram minorias raciais / étnicas.

Um IAH de 2 ou mais persistente desde a infância foi associado longitudinalmente com PAe na adolescência (odds ratio [OR], 2,9; IC 95% 1,1-7,5), enquanto um IAH de 2 ou mais remitido não foi (OR, 0,9; IC 95% 0,3-2,6).

A AOS do adolescente foi associada à PAe de forma dose-resposta; no entanto, a associação de um IAH de 2 a menos de 5 entre adolescentes não foi significativa (OR, 1,5; IC 95%, 0,9-2,6) e de um IAH de 5 ou mais foi de aproximadamente 2 vezes (OR, 2,3; IC 95%, 1,1-4,9) após ajuste para tecido adiposo9 visceral.

Um IAH de 5 ou mais (OR, 3,1; IC 95%, 1,2-8,5), mas não entre 2 e menos que 5 (OR, 1,3; IC 95%, 0,6-3,0), foi associado à hiper-reatividade ortostática entre adolescentes mesmo após ajuste para tecido adiposo9 visceral.

A AOS na infância não foi associada à PAe na adolescência em participantes do sexo feminino, enquanto o risco de AOS e PAe foi maior em participantes do sexo masculino.

Os resultados deste estudo de coorte4 sugerem que a apneia obstrutiva do sono2 na infância está associada à hipertensão10 em adolescentes apenas se persistir durante este período de desenvolvimento, de forma que a apneia5 do sono persistente foi associada a um aumento de quase 3 vezes nas chances de pressão arterial1 elevada na adolescência.

A gravidade da apneia5 do sono na adolescência foi associada a pressão arterial1 elevada e hipertensão10 ortostática de forma dose-resposta. A adiposidade visceral explica grande parte, mas não todo, o risco de hipertensão10 associada à apneia obstrutiva do sono2 do adolescente, que é maior em indivíduos do sexo masculino.

Os resultados deste estudo sugerem que a apneia5 do sono é um fator de risco3 para hipertensão10 em jovens e que as intervenções precoces da apneia5 do sono podem ajudar a prevenir consequências cardiovasculares a longo prazo.

Leia sobre "Sintomas11 da hipertensão arterial6", "Distúrbios respiratórios do sono" e "O que vem a ser pressão arterial1".

 

Fonte: JAMA Cardiology, publicação em 23 de junho de 2021. (doi:10.1001/jamacardio.2021.2003)

 

NEWS.MED.BR, 2021. Apneia obstrutiva do sono pediátrica foi associada a quase 3 vezes mais chances de pressão arterial elevada na adolescência. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1404075/apneia-obstrutiva-do-sono-pediatrica-foi-associada-a-quase-3-vezes-mais-chances-de-pressao-arterial-elevada-na-adolescencia.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
2 Apnéia obstrutiva do sono: Pausas na respiração durante o sono.
3 Fator de risco: Qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa desenvolver uma doença.
4 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
5 Apnéia: É uma parada respiratória provocada pelo colabamento total das paredes da faringe que ocorre principalmente enquanto a pessoa está dormindo e roncando. No adulto, considera-se apnéia após 10 segundos de parada respiratória. Como a criança tem uma reserva menor, às vezes, depois de dois ou três segundos, o sangue já se empobrece de oxigênio.
6 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
7 Índice de apneia-hipopneia: Índice de apneia-hipopneia (IAH) é definido como o número de apnéia-hipopnéia por hora de sono. Considera-se síndrome de apnéia obstrutiva discreta se o IAH for de 6 a 20; moderada se de 21 a 50 e grave quando acima de 50.
8 Polissonografia: Exame utilizado na avaliação de algumas das causas de insônia.
9 Tecido Adiposo: Tecido conjuntivo especializado composto por células gordurosas (ADIPÓCITOS). É o local de armazenamento de GORDURAS, geralmente na forma de TRIGLICERÍDEOS. Em mamíferos, existem dois tipos de tecido adiposo, a GORDURA BRANCA e a GORDURA MARROM. Suas distribuições relativas variam em diferentes espécies sendo que a maioria do tecido adiposo compreende o do tipo branco.
10 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
11 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
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