Terapia de RNA mensageiro contra o câncer está em testes em humanos após reduzir tumores em camundongos
Um tratamento de câncer1 que usa RNA mensageiro para lançar um ataque imunológico às células2 cancerosas pode reduzir completamente os tumores em camundongos e agora está sendo testado em pessoas.
RNAs mensageiros – ou RNAms – são moléculas que instruem as células2 a produzir proteínas3. Eles alcançaram a fama com o lançamento das vacinas de RNAm contra a covid-19. A BioNTech, empresa alemã que desenvolveu a vacina4 de RNAm contra a covid-19 da Pfizer, agora está testando se os RNAms podem ser usados para tratar o câncer1, estimulando as células2 a produzir proteínas3 que combatem o tumor5.
Em um estudo publicado na revista Science Translational Medicine, a empresa relata dados promissores sobre um coquetel de RNAm em modelos de camundongos de câncer1 de cólon6 e melanoma7. Segundo o estudo, a entrega local de citocinas8 codificadas por RNAm promove a imunidade9 antitumoral e a erradicação do tumor5 em vários modelos pré-clínicos de tumor5.
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A empresa fez uma mistura de quatro RNAms que instruem as células2 a produzir quatro proteínas3 chamadas citocinas8, que são liberadas naturalmente pelas células2 do sistema imunológico10 para atacar as células2 cancerosas.
Quando eles injetaram esses RNAms diretamente em melanomas em 20 camundongos, as células2 do sistema imunológico10 dentro dos tumores começaram a produzir grandes quantidades das citocinas8 desejadas. Isso produziu uma resposta imune que fez com que os tumores de pele11 desaparecessem completamente em todos os camundongos, exceto em um, em menos de 40 dias. O tratamento funcionou ainda melhor quando combinado com a inibição de checkpoint.
No artigo publicado, os pesquisadores contextualizam que a imunoterapia local estimula de maneira ideal as respostas imunes contra tumores, evitando toxicidades associadas à administração sistêmica. As estratégias atuais para entrega baseada em genes e direcionada a tumor5, no entanto, são limitadas por efeitos adversos, como imunidade9 anti-vetor ou fora de direcionamento.
Assim, tratamentos para câncer1 baseados em citocinas8 têm sido prejudicados tanto pela toxicidade12 fora do alvo quanto pela dificuldade em alcançar a entrega local.
Neste estudo investigou-se a administração intratumoral de RNA mensageiro (m) formulado com solução salina que codifica quatro citocinas8 que foram identificadas como mediadoras da regressão do tumor5 em diferentes modelos de tumor5: interleucina-12 (IL-12) de cadeia única, interferon-α (IFN-α), fator estimulador de colônias de granulócitos13-macrófagos14 e IL-15 sushi.
A atividade antitumoral eficaz dessas citocinas8 baseou-se em múltiplas populações de células2 imunes e foi acompanhada por indução intratumoral de IFN-γ, expansão sistêmica de células2 T específicas para o antígeno15, aumento da infiltração de células2 T de granzima B+ e formação de memória imune.
A atividade antitumoral estendeu-se para além das lesões16 tratadas e inibiu o crescimento de tumores distantes e tumores disseminados.
Combinar os RNAms com anticorpos17 imunomoduladores aumentou as respostas antitumorais em tumores injetados e não injetados, melhorando assim a sobrevivência18 e a regressão do tumor5. Desse modo, a combinação levou a respostas imunes antitumorais robustas e regressão tumoral em vários modelos de camundongos, incluindo modelos com mais de um tumor5.
Juntos, esses dados apoiam o desenvolvimento de RNAms que codificam citocinas8 como um tratamento para o câncer1.
Consequentemente, os testes clínicos desta mistura de RNAms que codificam citocinas8 estão em andamento.
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Fontes:
Science Translational Medicine, Vol. 13, Nº 610, em 08 de setembro de 2021.
New Scientist, notícia publicada em 08 de setembro de 2021.
Fierce Biotech, notícia publicada em 08 de setembro de 2021.