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Idosos com esquizofrenia têm risco aumentado de receber um diagnóstico de demência em uma ampla faixa etária

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Pessoas com esquizofrenia1 correm alto risco de receber um diagnóstico2 de demência3. Compreender a magnitude e o momento desse risco aumentado tem implicações importantes para a prática e a política.

O objetivo deste estudo, publicado pelo JAMA Psychiatry, foi estimar a prevalência4 e incidência5 específicas por idade de diagnósticos de demência3 entre idosos com esquizofrenia1 nos Estados Unidos e em um grupo de comparação sem doença mental grave (DMG).

Leia sobre "Principais transtornos mentais", "Distúrbio neurocognitivo" e "Doenças degenerativas6".

Este estudo de coorte7 retrospectivo8 usou uma amostra nacional aleatória de 50% de beneficiários do Medicare de 66 anos ou mais com planos de taxa por serviço e cobertura de medicamentos prescritos Parte D de 1º de janeiro de 2007 a 31 de dezembro de 2017.

A coorte9 com esquizofrenia1 incluiu adultos com pelo menos 12 meses de inscrição contínua no Medicare e pelo menos 2 solicitações ambulatoriais ou pelo menos 1 solicitação hospitalar por esquizofrenia1 durante os anos de qualificação. O grupo de comparação incluiu adultos com pelo menos 12 meses de inscrição contínua no Medicare e sem um diagnóstico2 de esquizofrenia1, transtorno bipolar ou transtorno depressivo maior recorrente durante o ano de qualificação. Os dados foram analisados ​​de 1º de janeiro a 31 de julho de 2020.

A demência3 foi definida usando os códigos de diagnóstico2 do Centers for Medicare & Medicaid Services Chronic Conditions Warehouse para a doença de Alzheimer10 e distúrbios relacionados ou demência3 senil. Os diagnósticos incidentes11 foram definidos por pelo menos 12 meses elegíveis consecutivos sem um código de qualificação antes de atender aos critérios de demência3.

A população do estudo de 8.011.773 adultos de 66 anos ou mais (63,4% mulheres; idade média [DP], 74,0 [8,2] anos) incluiu 74.170 indivíduos com diagnóstico2 de esquizofrenia1 (56,6% mulheres) e 7.937.603 sem um diagnóstico2 de doença mental grave (63,5% mulheres) que contribuíram com 336.814 e 55.499.543 pessoas-ano de acompanhamento, respectivamente.

Aos 66 anos de idade, a prevalência4 de demência3 diagnosticada foi de 27,9% (17.640 de 63.287) entre os indivíduos com esquizofrenia1 em comparação com 1,3% (31.295 de 2.389.512) no grupo sem DMG.

Aos 80 anos de idade, a prevalência4 de diagnósticos de demência3 foi de 70,2% (2.011 de 2.866) no grupo com esquizofrenia1 e 11,3% (242.094 de 2.134.602) no grupo sem DMG.

A incidência5 anual de diagnósticos de demência3 por 1000 pessoas-ano aos 66 anos de idade foi 52,5 (IC 95%, 50,1-54,9) entre indivíduos com esquizofrenia1 e 4,5 (IC 95%, 4,4-4,6) entre indivíduos sem DMG e aumentou para 216,2 (IC 95%, 179,9-252,6) e 32,3 (IC 95%, 32,0-32,6), respectivamente, aos 80 anos de idade.

Neste estudo de coorte7, em comparação com idosos sem doença mental grave, aqueles com esquizofrenia1 tinham risco aumentado de receber um diagnóstico2 de demência3 em uma ampla faixa etária, possivelmente por causa da deterioração cognitiva12 e funcional relacionada à esquizofrenia1 ou fatores que contribuem para outros tipos de demência3. Altas taxas de demência3 entre adultos com esquizofrenia1 têm implicações no curso da doença, no tratamento e no uso de serviços.

Assim, os resultados sugerem que mais estudos são necessários sobre os processos e deficiências que levam ao diagnóstico2 de demência3 em pacientes com esquizofrenia1, bem como estratégias de prevenção e tratamento.

Saiba mais sobre "Esquizofrenia1", "Demência3" e "O desafio das famílias que convivem com a doença mental".

 

Fonte: JAMA Psychiatry, publicação em 10 de março de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. Idosos com esquizofrenia têm risco aumentado de receber um diagnóstico de demência em uma ampla faixa etária. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1390550/idosos-com-esquizofrenia-tem-risco-aumentado-de-receber-um-diagnostico-de-demencia-em-uma-ampla-faixa-etaria.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.

Complementos

1 Esquizofrenia: Doença mental do grupo das Psicoses, caracterizada por alterações emocionais, de conduta e intelectuais, caracterizadas por uma relação pobre com o meio social, desorganização do pensamento, alucinações auditivas, etc.
2 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
3 Demência: Deterioração irreversível e crônica das funções intelectuais de uma pessoa.
4 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
5 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
6 Degenerativas: Relativas a ou que provocam degeneração.
7 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
8 Retrospectivo: Relativo a fatos passados, que se volta para o passado.
9 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
10 Doença de Alzheimer: É uma doença progressiva, de causa e tratamentos ainda desconhecidos que acomete preferencialmente as pessoas idosas. É uma forma de demência. No início há pequenos esquecimentos, vistos pelos familiares como parte do processo normal de envelhecimento, que se vão agravando gradualmente. Os pacientes tornam-se confusos e por vezes agressivos, passando a apresentar alterações da personalidade, com distúrbios de conduta e acabam por não reconhecer os próprios familiares e até a si mesmos quando colocados frente a um espelho. Tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação inviabiliza-se e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral, até mesmo para as atividades elementares como alimentação, higiene, vestuário, etc..
11 Incidentes: 1. Que incide, que sobrevém ou que tem caráter secundário; incidental. 2. Acontecimento imprevisível que modifica o desenrolar normal de uma ação. 3. Dificuldade passageira que não modifica o desenrolar de uma operação, de uma linha de conduta.
12 Cognitiva: 1. Relativa ao conhecimento, à cognição. 2. Relativa ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
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