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Exercícios, e não a terapia com testosterona, podem melhorar a função vascular em homens idosos

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Novas descobertas de um teste de 12 semanas com homens de meia-idade e idosos em terapia com testosterona sugerem que a terapia com testosterona não tem efeito benéfico na saúde1 ou função vascular2.

Enquanto alguns teorizam que a terapia com testosterona pode neutralizar os efeitos do envelhecimento nas artérias3, os resultados do estudo, publicado no periódico Hypertension, da American Heart Association, indicam que melhorias na saúde1 e função das artérias3 estão relacionadas ao aumento da atividade física, e não à terapia com testosterona.

“O aumento global no uso de testosterona tem sido muito grande, especialmente entre homens de meia-idade e idosos que podem vê-la como um hormônio4 restaurador para aumentar a energia e vitalidade”, disse o pesquisador principal Daniel J. Green, PhD, professor e pesquisador de fisiologia5 de exercícios cardiovasculares da Escola de Ciências Humanas da University of Western Australia, em comunicado. “No entanto, os estudos anteriores são confusos para saber se a reposição de testosterona é benéfica ou não, ou se fornece benefícios adicionais além dos efeitos de um programa de exercícios.”

Saiba mais sobre "O uso de testosterona", "Atividade física" e "Musculação para idosos".

O endotélio6 é fundamental para a manutenção da saúde1 vascular2 em humanos, e o avanço da idade e os baixos níveis de testosterona estão associados à disfunção endotelial nos homens.

Nesta pesquisa, comparou-se os impactos da testosterona e do treinamento físico, isoladamente e em combinação, nas respostas de % de dilatação mediada por fluxo dependente do endotélio6 e na % de de trinitrato de glicerila independente do endotélio6.

Neste ensaio clínico controlado randomizado7 de 12 semanas fatorial 2×2, 80 homens com idade entre 50 e 70 anos, com cintura ≥95 cm e níveis séricos de testosterona baixos a normais (6-14 nmol/L) foram randomizados para AndroForte5 transdérmico (testosterona 5,0% w/v, 100 mg/2 mL; testosterona), ou placebo8 correspondente; e para exercício supervisionado com base em um centro ou nenhum exercício adicional.

A testosterona aumentou os níveis séricos de testosterona (testosterona × tempo, P = 0,003) ao ponto que 62% dos indivíduos nos grupos de testosterona aumentaram os níveis para >14 nmol/L, enquanto o tratamento com placebo8 não teve impacto nos níveis de testosterona.

O treinamento físico aumentou a % de dilatação mediada por fluxo (exercício × tempo, P = 0,033; testosterona + exercício: +0,5, placebo8 + exercício: +1,0 versus testosterona + nenhum exercício adicional: −0,7, placebo8 + nenhum exercício adicional: + 0,2%), enquanto a testosterona não afetou a dilatação mediada por fluxo, nem foi aditiva ao exercício (todos P > 0,05).

Não houve efeito significativo do exercício ou da droga nas respostas do trinitrato de glicerila (todos P> 0,05).

O treinamento físico melhorou a função vasodilatadora dependente do endotélio6, enquanto a administração de testosterona em doses terapêuticas não afetou a % de dilatação mediada por fluxo ou aumentou o benefício do exercício. A sensibilidade do músculo liso vascular9 ao óxido nítrico não foi modificada pelo exercício, testosterona ou sua combinação.

Assim, em homens de meia idade a idosos com adiposidade central e níveis baixos / normais de testosterona, não se observou evidências de que a testosterona tenha adicionado ao impacto benéfico do exercício na saúde1 e função vascular2.

“Os resultados do nosso estudo sugerem que se você é um homem de meia-idade ou idoso saudável, mas relativamente inativo, com circunferência abdominal aumentada, e está preocupado com o risco de ataque cardíaco, derrame10 ou diabetes11, então um programa de exercícios com algum suporte e supervisão pode ajudar a melhorar a função e a saúde1 de suas artérias”, disse Green. “A terapia com testosterona pode ter alguns benefícios, por exemplo, no aumento da massa muscular nas pernas, no entanto, não encontramos nenhum benefício em termos de função da artéria12, que é um determinante do risco cardiovascular futuro.”

Leia sobre "Disfunção endotelial", "Distúrbios da testosterona" e "Circunferência abdominal e doenças cardiovasculares13".

 

Fontes:
Hypertension, publicação em 22 de fevereiro de 2021.
Practical Cardiology, notícia publicada em 22 de fevereiro de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. Exercícios, e não a terapia com testosterona, podem melhorar a função vascular em homens idosos. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1388785/exercicios-e-nao-a-terapia-com-testosterona-podem-melhorar-a-funcao-vascular-em-homens-idosos.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.

Complementos

1 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
2 Vascular: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
3 Artérias: Os vasos que transportam sangue para fora do coração.
4 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
5 Fisiologia: Estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
6 Endotélio: Camada de células que reveste interiormente os vasos sanguíneos e os vasos linfáticos.
7 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
8 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
9 Músculo Liso Vascular: Tecido muscular não estriado e de controle involuntário que está presente nos vasos sangüíneos.
10 Derrame: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
11 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
12 Artéria: Vaso sangüíneo de grande calibre que leva sangue oxigenado do coração a todas as partes do corpo.
13 Doenças cardiovasculares: Doença do coração e vasos sangüíneos (artérias, veias e capilares).
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