Os inflamassomas são ativados em resposta à infecção por SARS-CoV-2 e estão associados à gravidade da COVID-19 nos pacientes
Os casos graves de COVID-19 são caracterizados por um forte processo inflamatório que pode levar à falência de órgãos e à morte do paciente. O inflamassoma NLRP3 é uma plataforma molecular que promove a inflamação1 por meio da clivagem e ativação de moléculas inflamatórias importantes, incluindo caspase-1 ativa (Casp1p20), IL-1β e IL-18.
Embora a participação do inflamassoma na COVID-19 seja altamente especulada, a ativação do inflamassoma e a participação no desfecho da doença são desconhecidas.
Em estudo realizado por cientistas da USP, publicado no Journal of Experimental Medicine, foi demonstrado que o inflamassoma NLRP3 é ativado em resposta à infecção2 por SARS-CoV-2 e está ativo em pacientes com COVID-19.
“Se os inflamassomas estão ativos, eles vão levar a um processo inflamatório que pode promover o controle de algumas infecções3. Mas se o processo inflamatório for muito forte, descontrolado, ele pode levar a uma resposta exacerbada, causar danos aos tecidos e piorar o quadro clínico em algumas doenças. Esse parece ser o caso de pacientes com quadros moderados e graves de covid-19, aqueles que procuram atendimento hospitalar”, revela o professor Dario Zamboni, do Departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos da FMRP e do Centro de Pesquisas em Doenças Inflamatórias (Crid), líder do estudo.
Estudando pacientes com COVID-19 moderada e grave, os pesquisadores encontraram inflamassoma NLRP3 ativo nas células4 mononucleares sanguíneas periféricas e tecidos de pacientes pós-morte na autópsia5.
Produtos derivados do inflamassoma, como Casp1p20 e IL-18 no soro6, correlacionaram-se com os marcadores de gravidade de COVID-19, incluindo IL-6 e LDH. Além disso, níveis mais elevados de IL-18 e Casp1p20 estão associados à gravidade da doença e ao desfecho clínico insatisfatório.
Os resultados sugerem que os inflamassomas participam da fisiopatologia7 da doença, indicando que essas plataformas podem ser um marcador de gravidade da doença e um potencial alvo terapêutico para COVID-19.
Leia sobre "Como o coronavírus entra no tecido8 respiratório e explora as defesas" e "Exame de sangue9 identifica pacientes com maior risco de COVID-19 grave".
Fontes:
Journal of Experimental Medicine, publicação em 24 de novembro de 2020.
Jornal da USP, notícia publicada em 24 de novembro de 2020.