Gostou do artigo? Compartilhe!

Metronidazol em dose única versus dose de 7 dias para o tratamento da tricomoníase em mulheres: o que é melhor?

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie esta notícia

Professora Patricia Kissinger, do Departamento de Epidemiologia da Escola de Saúde1 Pública e Medicina Tropical da Universidade de Tulane, em Nova Orleans, EUA, e demais colaboradores estudaram o tratamento da tricomoníase vaginal com dose única ou dose de 7 dias de metronidazol e mediram os resultados em estudo controlado e randomizado2.

Entre as mulheres, a tricomoníase é a infecção3 sexualmente transmissível não viral mais comum em todo o mundo e está associada a uma grave morbidade4 reprodutiva, desfechos desfavoráveis ao nascimento e transmissão amplificada do HIV5. O metronidazol em dose única é o tratamento de primeira linha para a tricomoníase. No entanto, a vaginose bacteriana pode alterar a eficácia do tratamento em mulheres infectadas pelo HIV5 e o tratamento pode nem sempre eliminar a infecção3.

Os pesquisadores compararam o uso de dose única de metronidazol ao uso de dose de 7 dias para o tratamento de tricomoníase entre mulheres não infectadas pelo HIV5 e não grávidas e testaram se a eficácia foi modificada pela vaginose bacteriana.

Saiba mais sobre "Doenças sexualmente transmissíveis", "Infecção3 pelo HIV5" e "Vaginose bacteriana".

Neste ensaio multicêntrico, aberto, controlado e randomizado2, as participantes foram recrutadas em três clínicas de saúde1 sexual nos EUA. Foram incluídas mulheres positivas para infecção3 por Trichomonas vaginalis de acordo com a triagem clínica. As participantes foram aleatoriamente designadas (1:1) para receber uma dose única de 2 gramas de metronidazol (grupo de dose única) ou 500 mg de metronidazol duas vezes ao dia durante 7 dias (grupo de dose de 7 dias).

A randomização foi feita por blocos de quatro ou seis para cada local. Pacientes e pesquisadores estavam cientes da atribuição do tratamento. O desfecho primário foi infecção3 T. vaginalis por intenção de tratar no teste de cura 4 semanas após o término do tratamento. A análise do resultado primário por teste de amplificação de ácido nucleico ou cultura foi também estratificada pelo estado de vaginose bacteriana.

As participantes foram recrutadas de 6 de outubro de 2014 a 26 de abril de 2017. Das 1.028 pacientes avaliadas para elegibilidade, 623 mulheres foram aleatoriamente designadas para grupos de tratamento (311 mulheres no grupo de dose única e 312 mulheres na dose de 7 dias; população por intenção de tratar). Embora as matrículas planejadas tenham sido de 1.664 mulheres, o estudo foi interrompido precocemente devido a limitações de financiamento.

As pacientes no grupo de dose de 7 dias foram menos propensas a ter T. vaginalis no teste de cura do que aquelas no grupo de dose única (34 [11%] de 312 vs 58 [19%] de 311, risco relativo 0,55; IC 95% 0, 34-0,70; p<0,0001). O status da vaginose bacteriana não teve efeito significativo no risco relativo (p=0,17). A adesão autorreferida foi de 96% no grupo de dose de 7 dias e de 99% no grupo de dose única. Os efeitos colaterais6 foram semelhantes por grupo; o efeito colateral7 mais comum foi náusea8 (124 [23%]), seguida por cefaleia9 (38 [7%]) e vômito10 (19 [4%]).

Concluiu-se que o uso de metronidazol em dose de 7 dias deve ser o tratamento preferencial para tratar a tricomoníase entre as mulheres.

Veja também sobre "Como evitar as DSTs" e "Preventivo11".

 

Fonte: The Lancet Infections Diseases, em 5 de outubro de 2018

 

NEWS.MED.BR, 2018. Metronidazol em dose única versus dose de 7 dias para o tratamento da tricomoníase em mulheres: o que é melhor?. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1325078/metronidazol-em-dose-unica-versus-dose-de-7-dias-para-o-tratamento-da-tricomoniase-em-mulheres-o-que-e-melhor.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
2 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
3 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
4 Morbidade: Morbidade ou morbilidade é a taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento.
5 HIV: Abreviatura em inglês do vírus da imunodeficiência humana. É o agente causador da AIDS.
6 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
7 Efeito colateral: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
8 Náusea: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc.
9 Cefaleia: Sinônimo de dor de cabeça. Este termo engloba todas as dores de cabeça existentes, ou seja, enxaqueca ou migrânea, cefaleia ou dor de cabeça tensional, cefaleia cervicogênica, cefaleia em pontada, cefaleia secundária a sinusite, etc... são tipos dentro do grupo das cefaleias ou dores de cabeça. A cefaleia tipo tensional é a mais comum (acomete 78% da população), seguida da enxaqueca ou migrânea (16% da população).
10 Vômito: É a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Pode ser classificado como: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
11 Preventivo: 1. Aquilo que previne ou que é executado por medida de segurança; profilático. 2. Na medicina, é qualquer exame ou grupo de exames que têm por objetivo descobrir precocemente lesão suscetível de evolução ameaçadora da vida, como as lesões malignas. 3. Em ginecologia, é o exame ou conjunto de exames que visa surpreender a presença de lesão potencialmente maligna, ou maligna em estágio inicial, especialmente do colo do útero.
Gostou do artigo? Compartilhe!