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Aplicativo para avaliação de deficiência visual em escolares quenianos mostra sua eficácia em estudo randomizado, publicado pelo The Lancet Global Health

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A deficiência visual na infância é uma grande preocupação de saúde1 pública que requer uma triagem eficaz e intervenção precoce. Investigou-se a eficácia do Peek School Screening, um teste de visão2 de triagem baseado em smartphone e sistema de referência (compreendendo o teste de visão2 Peek Acuity para rastrear crianças para problemas de visão2 na escola, cartões de referência de simulação de visão2 e lembretes por serviço de mensagens de texto [SMS]) versus cuidados padrão (Tabela de Snellen e encaminhamento por escrito).

Saiba mais sobre "Deficiência visual".

Inicialmente, os pesquisadores compararam o desempenho da Tabela de Snellen e do teste Peek Acuity com um gráfico de teste de acuidade visual3 EDTRS LogMAR padrão retroiluminado. Fez-se um ensaio clínico randomizado4 e controlado por cluster para comparar o sistema Peek School Screening com o cuidado padrão de triagem escolar, ministrado por professores da escola.

As escolas no condado de Trans Nzoia, no Quênia, eram elegíveis se não tivessem um programa de rastreamento ativo já em vigor. As escolas foram alocadas aleatoriamente (1:1) para os programas de triagem e encaminhamento pelo Peek School Screening (grupo Peek) ou para o programa de triagem e encaminhamento padrão (grupo padrão).

Em ambos os grupos, os professores testaram a visão2 das crianças nos anos 1-8. Alunos com deficiência visual (definida como visão2 inferior a 6/12 em ambos os olhos5) foram encaminhados ao hospital para tratamento. As crianças encaminhadas do grupo padrão receberam uma carta de encaminhamento por escrito. Os participantes e seus professores do grupo Peek exibiram sua visão2 simulada em um smartphone e receberam uma impressão desta simulação com os mesmos detalhes do hospital que a carta de referência padrão para apresentar aos pais ou responsáveis. Eles também receberam lembretes de SMS regulares para comparecer ao hospital.

O desfecho primário foi a proporção de crianças encaminhadas que retornaram ao hospital dentro de oito semanas após o encaminhamento. A análise primária foi por intenção de tratar, com o efeito de intervenção estimado usando odds ratio.

A sensibilidade foi semelhante no teste Peek e no teste padrão (77% vs 75%). A especificidade foi menor para o teste Peek do que para o teste padrão (91% vs 97,4%). O recrutamento do julgamento ocorreu entre 2 de março de 2015 e 13 de março de 2015. Das 295 escolas primárias públicas elegíveis no condado de Trans Nzoia, 50 escolas foram selecionadas aleatoriamente e designadas para o grupo Peek (n=25) ou para o grupo padrão (n=25). 10.579 crianças foram avaliadas quanto à deficiência visual no grupo Peek e 10.284 crianças no grupo padrão.

Comprometimento visual foi identificado em 531 (5%) de 10.579 crianças no grupo Peek e 366 (4%) de 10.284 crianças no grupo de tratamento padrão. A proporção de alunos identificados como tendo deficiência visual que compareceu ao seu encaminhamento hospitalar foi significativamente maior no grupo Peek (285 [54%] de 531) do que no grupo padrão (82 [22%] de 366; odds ratio 7,35 [IC 95% 3,49-15,47], p<0,0001).

O sistema Peek School Screening aumentou a adesão ao encaminhamento hospitalar para avaliação de deficiência visual em comparação com a abordagem padrão entre crianças em idade escolar. Isso indica o potencial desta tecnologia para melhorar a aceitação de serviços e fornece visibilidade em tempo real da prestação de serviços de saúde1 para ajudar a direcionar recursos.

Leia sobre "Degeneração macular6", "Escotoma7 — uma alteração do campo visual8" e "Miopia9".

 

Fonte: The Lancet Global Health, volume 6, número 8, agosto de 2018

 

NEWS.MED.BR, 2018. Aplicativo para avaliação de deficiência visual em escolares quenianos mostra sua eficácia em estudo randomizado, publicado pelo The Lancet Global Health. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1322053/aplicativo-para-avaliacao-de-deficiencia-visual-em-escolares-quenianos-mostra-sua-eficacia-em-estudo-randomizado-publicado-pelo-the-lancet-global-health.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
2 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
3 Acuidade visual: Grau de aptidão do olho para discriminar os detalhes espaciais, ou seja, a capacidade de perceber a forma e o contorno dos objetos.
4 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
5 Olhos:
6 Degeneração macular: A degeneração macular destrói gradualmente a visão central, afetando a mácula, parte do olho que permite enxergar detalhes finos necessários para realizar tarefas diárias tais como ler e dirigir. Existem duas formas - úmida e seca. Na forma úmida, há crescimento anormal de vasos sanguíneos no fundo do olho, podendo extravasar fluidos que prejudicam a visão central. Na forma seca, que é a mais comum e menos grave, há acúmulo de resíduos do metabolismo celular da retina, aliado a graus variáveis de atrofia do tecido retiniano, causando uma perda visual central, de progressão lenta, podendo dificultar a realização de algumas atividades como ler e escrever ou a identificação de traços de fisionomia.
7 Escotoma: Região da retina em que há perda ou ausência da acuidade visual devido a patologias oculares.
8 Campo visual: É toda a área que é visível com os olhos fixados em determinado ponto.
9 Miopia: Incapacidade para ver de forma clara objetos que se encontram distantes do olho.Origina-se de uma alteração dos meios de refração do olho, alteração esta que pode ser corrigida com o uso de lentes especiais, e mais recentemente com o uso de cirurgia a laser.
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