Crianças com excesso de peso podem errar ao pensar que alguns de seus sintomas são de asma: análise publicada pelo The Journal of Allergy and Clinical Immunology
Estudos anteriores sobre asma1 em crianças com sobrepeso2 ou obesidade3 têm sido inconsistentes. A razão pela qual as crianças com sobrepeso2 ou obesidade3 comumente relatam pior controle da asma1 do que crianças magras ainda não está clara.
Para determinar as diferenças qualitativas nos sintomas4 da asma1 atópica de início precoce entre crianças magras e aquelas com sobrepeso2 ou obesidade3, foi realizado um estudo transversal analítico com crianças magras e crianças com sobrepeso2 ou obesas, com idades variando entre dez e dezessete anos, portadoras de asma1 persistente de início precoce. Os participantes frequentaram duas ou três visitas médicas para fornecer uma história completa, a caracterização qualitativa e quantitativa dos sintomas4 da asma1 e teste de função pulmonar. Os pesquisadores determinaram a associação entre o status de peso e os sintomas4 utilizando análise linear multivariada e métodos de regressão logística.
Os resultados mostraram as crianças magras, com sobrepeso2 ou obesas exibindo função pulmonar semelhante. Apesar da menor fração de óxido nítrico exalado (30,0 versus 62,6 ppb; p=0,037) e redução da capacidade de resposta à metacolina (PC20FEV1 1,87 vs 0,45 mg/mL; p<0,012), as crianças com sobrepeso2/obesidade3 relataram frequência até três vezes maior da necessidade de tratamentos de resgate (3,7 vs 1,1 tratamentos/semana; p=0,0002) do que as crianças magras. O status de peso afetou o principal sintoma5 relatado pela criança com um pobre controle da asma1 (teste exato de Fisher; p=0,003); crianças com sobrepeso2/obesidade3 relataram falta de ar mais frequentemente (odds ratio=11,8; IC 95% 1,41-98,7) e tosse com menor frequência (odds ratio=0,26; IC 95% 0,08-0,82). Pontuações para o refluxo gastroesofágico6 foram mais altas naquelas com sobrepeso2 ou obesas (9,6 vs 23,2; p=0,003) e parecem mediar os sintomas4 da asma1 relatados por estas crianças.
Concluiu-se que crianças com sobrepeso2/obesidade3 e asma1 de início precoce apresentam pior controle da asma1 e um padrão distinto de sintomas4. Maior falta de ar e uso de β-agonistas parecem ser parcialmente mediados via sintomas4 de refluxo gastroesofágico6. Crianças asmáticas com sobrepeso2 podem atribuir de maneira equivocada a dispneia7 e o refluxo esofágico como sintomas4 da asma1, levando ao excesso de uso de medicação de resgate.
Fonte: The Journal of Allergy and Clinical Immunology, publicação online, de 14 de outubro de 2014