Antibiótico pode ser um tratamento eficaz para a apendicite não complicada, segundo artigo do BMJ
Os antibióticos podem ser um tratamento seguro e eficaz para pacientes1 com apendicite2 aguda não complicada e devem ser considerados como um tratamento inicial para pessoas com esta patologia3, de acordo com os resultados de uma nova meta-análise publicada pelo British Medical Journal (BMJ). No entanto, críticos expressaram preocupação com a alta taxa de recorrência4 após o tratamento antibiótico em relação ao tratamento cirúrgico padrão.
Krishna K. Varadhan, da Division of Gastrointestinal Surgery, Nottingham Digestive Diseases Centre NIHR Biomedical Research Unit, Nottingham University Hospitals, Queen’s Medical Centre, Reino Unido, e colegas publicaram os resultados de uma meta-análise de estudos randomizados e controlados no British Medical Journal.
Os autores analisaram os resultados de quatro ensaios clínicos5 randomizados, envolvendo 900 pacientes adultos com diagnóstico6 de apendicite2 aguda não complicada. Um total de 470 pacientes recebeu antibiótico e 430 foram submetidos à cirurgia. Os pacientes que receberam terapia antibiótica tiveram uma taxa de sucesso de 63% (277/438) em um ano.
A meta-análise também mostrou uma redução do risco relativo de complicações de 31% para o tratamento antibiótico comparado à apendicectomia. Os autores não encontraram nenhuma diferença significativa entre as duas opções de tratamento em relação ao tempo de internação, à eficácia do tratamento ou ao risco de apendicite2 complicada.
Dos 68 pacientes readmitidos após o tratamento antibiótico, três foram retratados com antibióticos, obtendo sucesso terapêutico, e 65 pacientes (20%) tiveram uma nova apendicite2. Nove destes doentes apresentaram apendicite2 perfurada e quatro manifestaram apendicite2 gangrenosa ou necrose7 gangrenosa.
Os autores reconhecem que uma avaliação mais detalhada deve ser realizada para distinguir entre os efeitos do tratamento antibiótico em apendicites perfuradas e não-perfuradas.
A cirurgia para remover um apêndice8 inflamado (apendicite2) tem sido o padrão ouro do tratamento para apendicite2 aguda desde 1889, e a suposição geral é que, sem cirurgia, o risco de complicações tais como perfurações ou infecções9 é alto.
Até que estudos mais convincentes e os resultados em longo prazo sejam publicados, a apendicectomia provavelmente continuará a ser usada para tratar apendicite2 não complicada.
Fonte: BMJ, de 5 de abril de 2012