Maior índice de massa corporal foi associado a um aumento linear no risco de COVID-19 grave, ainda mais notável em pessoas com menos de 40 anos e de etnia negra
A obesidade1 é um importante fator de risco2 para resultados adversos após a infecção3 com SARS-CoV-2. O objetivo nesse estudo, publicado no The Lancet Diabetes4 & Endocrinology, foi examinar essa associação, incluindo interações com características demográficas e comportamentais, diabetes tipo 25 e outras condições de saúde6.
O estudo de coorte7 prospectivo8, baseado na comunidade, usou dados não identificados em nível de paciente do banco de dados QResearch de clínicas gerais na Inglaterra, Reino Unido. Foram extraídos dados de pacientes com 20 anos ou mais que foram registrados em uma clínica elegível para inclusão no banco de dados QResearch entre 24 de janeiro de 2020 (data da primeira infecção3 registrada no Reino Unido) e 30 de abril de 2020, e com dados disponíveis sobre IMC9.
Leia sobre "Obesidade1 como fator de risco2 para complicações da COVID-19" e "Obesidade1 como fator de risco2 para infecção3 grave por COVID-19".
Os dados extraídos incluíram demográficos, clínicos, valores clínicos vinculados ao banco de dados de resultados positivos do teste de SARS-CoV-2 da Public Health England e atestados de óbito10 do Office of National Statistics.
Os resultados, como uma medida proxy de COVID-19 grave, foram internação hospitalar, internação em unidade de terapia intensiva11 (UTI) e morte devido à COVID-19. Usou-se modelos de risco proporcional de Cox para estimar o risco de COVID-19 grave, ajustando sequencialmente para características demográficas, fatores comportamentais e comorbidades12.
Entre 6.910.695 indivíduos elegíveis (IMC9 médio de 26,78 kg/m² [DP 5,59]), 13.503 (0,20%) foram internados no hospital, 1.601 (0,02%) em uma UTI e 5.479 (0,08%) morreram após um teste positivo para SARS-CoV-2.
Foram encontradas associações em forma de J entre o IMC9 e a internação hospitalar devido à COVID-19 (razão de risco [HR] ajustada por kg/m² a partir do ponto mais baixo no IMC9 de 23 kg/m² de 1,05 [IC 95% 1,05- 1,05]) e morte (1,04 [1,04,-1,05]), e uma associação linear em toda a faixa de IMC9 com a internação em UTI (1,10 [1,09-1,10]).
Encontrou-se uma interação significativa entre IMC9 e idade e etnia, com maior HR por kg/m² acima do IMC9 de 23 kg/m² para pessoas mais jovens (HR ajustada por kg/m² acima do IMC9 de 23 kg/m² para internação hospitalar 1,09 [IC 95% 1,08-1,10] no grupo de 20 a 39 anos vs grupo de 80 a 100 anos 1,01 [1,00-1,02]) e para negros em comparação a brancos (1,07 [1,06-1,08] vs 1,04 [1,04-1,05]).
O risco de internação hospitalar e em UTI devido à COVID-19 associado ao aumento de unidade no IMC9 foi ligeiramente menor em pessoas com diabetes tipo 25, hipertensão13 e doença cardiovascular do que naqueles sem essas morbidades.
Com um IMC9 de mais de 23 kg/m², foi então encontrado um aumento linear no risco de COVID-19 grave levando à internação hospitalar e morte, e um aumento linear na internação em UTI em toda a faixa de IMC9, o que não é atribuível a riscos excessivos de doenças relacionadas.
O risco relativo devido ao aumento do IMC9 é particularmente notável em pessoas com menos de 40 anos e de etnia negra.
Veja também sobre "Obesidade1", "Cálculo14 do IMC9" e "Tratando a obesidade1".
Fonte: The Lancet Diabetes4 & Endocrinology, publicação em 28 de abril de 2021.