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Otimização dos níveis de vitamina D maternos pré-natais pode ajudar a prevenir o desenvolvimento de pressão alta em crianças nascidas de mães com pré-eclâmpsia

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Qual é a associação da exposição no útero1 à pré-eclâmpsia2 com a pressão arterial3 na infância e adolescência? A associação difere pelos níveis de vitamina4 D do cordão umbilical5?

A pré-eclâmpsia2 materna pode ser um dos primeiros fatores de risco para a elevação da pressão arterial3 (PA) na infância e adolescência. Não se sabe se a associação intergeracional entre pré-eclâmpsia2 materna e PA da prole difere de acordo com os níveis de vitamina4 D do cordão umbilical5.

O objetivo desse estudo, publicado no JAMA Network Open, foi avaliar as associações entre pré-eclâmpsia2 materna e PA sistólica (PAS) da prole durante a infância e adolescência e testar se essas associações variam de acordo com as concentrações de 25-hidroxivitamina D [25(OH)D] no sangue do cordão umbilical6 (um biomarcador do status de vitamina4 D no útero1).

Saiba mais sobre "Diferenças entre pré-eclâmpsia2 e eclâmpsia7", "Hipertensão arterial8 na infância" e "Deficiência de vitamina4 D".

Este estudo de coorte9 prospectivo10 analisou 6.669 observações de PAS de 754 pares de mães e filhos da Coorte11 de Nascimentos de Boston, que foram inscritos de dezembro de 1998 a junho de 2009. Os dados foram analisados ​​de outubro de 2019 a março de 2020.

As exposições foram pré-eclâmpsia2 materna diagnosticada por médico e concentrações plasmáticas de 25(OH)D medidas em amostras de sangue do cordão umbilical6 coletadas no parto.

Os principais resultados e medidas foram medidas de PAS repetidas entre 3 e 18 anos de idade. O percentil de PAS foi calculado com base nas diretrizes de hipertensão12 da American Academy of Pediatrics de 2017. A diferença média no percentil de PAS em crianças nascidas de mães com ou sem pré-eclâmpsia2 foi comparada entre diferentes níveis de 25(OH)D no sangue do cordão umbilical6.

Houve 6.669 observações de PAS das 754 crianças; 50,0% eram do sexo feminino e 18,6% nasceram prematuras. Das 754 mães, 62,2% eram negras e 10,5% tinham pré-eclâmpsia2.

A média de 25(OH)D do sangue do cordão umbilical6 foi de 12,2 (intervalo interquartil, 7,9-17,2) ng/mL. A pré-eclâmpsia2 materna foi associada a um percentil 5,34 (IC 95%, 1,37-9,30) mais alto de PAS após ajuste para fatores de confusão.

Esta associação variou por quartis de concentrações de 25(OH)D no sangue do cordão umbilical6: as diferenças no percentil de PAS comparando crianças nascidas de mães com vs sem pré-eclâmpsia2 foram 10,56 (IC 95%, 2,54-18,56) para o quartil 1 (mais baixo), 7,36 (IC 95 %, –0,17 a 14,88) para o quartil 2, 4,94 (IC 95%, –3,07 a 12,96) para o quartil 3 e –1,87 (IC 95%, –9,71 a 5,96) para o quartil 4 (mais alto).

Quando o sangue13 do cordão 25(OH)D foi analisado continuamente, as crianças nascidas de mães com pré-eclâmpsia2 apresentaram percentil 3,47 (IC 95%, 0,77-6,18) inferior de PAS por incremento de 5 ng/mL de 25(OH)D. Essas associações não diferiram por sexo da criança ou estágios de desenvolvimento.

Neste estudo de uma coorte11 de nascimentos de alto risco nos Estados Unidos, a pré-eclâmpsia2 materna foi associada a uma maior PAS na prole desde a primeira infância até a adolescência. Essas associações foram atenuadas por níveis mais elevados de 25(OH)D no sangue do cordão umbilical6 em uma forma de resposta à dose. Estudos adicionais, incluindo ensaios clínicos14, são necessários.

Leia sobre "Hipertensão12 da gravidez15", "O que vem a ser pressão arterial3" e "Gravidez15 de risco".

 

Fonte: JAMA Network Open, publicação em 05 de outubro de 2020.

 

NEWS.MED.BR, 2020. Otimização dos níveis de vitamina D maternos pré-natais pode ajudar a prevenir o desenvolvimento de pressão alta em crianças nascidas de mães com pré-eclâmpsia. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1380843/otimizacao-dos-niveis-de-vitamina-d-maternos-pre-natais-pode-ajudar-a-prevenir-o-desenvolvimento-de-pressao-alta-em-criancas-nascidas-de-maes-com-pre-eclampsia.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
2 Pré-eclâmpsia: É caracterizada por hipertensão, edema (retenção de líquidos) e proteinúria (presença de proteína na urina). Manifesta-se na segunda metade da gravidez (após a 20a semana de gestação) e pode evoluir para convulsão e coma, mas essas condições melhoram com a saída do feto e da placenta. No meio médico, o termo usado é Moléstia Hipertensiva Específica da Gravidez. É a principal causa de morte materna no Brasil atualmente.
3 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
4 Vitamina: Compostos presentes em pequenas quantidades nos diversos alimentos e nutrientes e que são indispensáveis para o desenvolvimento dos processos biológicos normais.
5 Cordão Umbilical: Estrutura flexível semelhante a corda, que conecta um FETO em desenvolvimento à PLACENTA, em mamíferos. O cordão contém vasos sanguíneos que transportam oxigênio e nutrientes da mãe ao feto e resíduos para longe do feto.
6 Sangue do Cordão Umbilical: Sangue do feto. A troca de nutrientes e de resíduos entre o sangue fetal e o materno ocorre através da PLACENTA. O sangue do cordão é o sangue contido nos vasos umbilicais (CORDÃO UMBILICAL) no momento do parto.
7 Eclâmpsia: Ocorre quando a mulher com pré-eclâmpsia grave apresenta covulsão ou entra em coma. As convulsões ocorrem porque a pressão sobe muito e, em decorrência disso, diminui o fluxo de sangue que vai para o cérebro.
8 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
9 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
10 Prospectivo: 1. Relativo ao futuro. 2. Suposto, possível; esperado. 3. Relativo à preparação e/ou à previsão do futuro quanto à economia, à tecnologia, ao plano social etc. 4. Em geologia, é relativo à prospecção.
11 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
12 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
13 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
14 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
15 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
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