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Uso de cocaína e maconha entre jovens adultos com infarto do miocárdio pode estar relacionado à mortalidade

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O abuso de substâncias é cada vez mais prevalente entre adultos jovens, mas os dados sobre desfechos cardiovasculares permanecem limitados. Com os objetivos de avaliar a prevalência1 do uso de cocaína e maconha em adultos com o primeiro infarto do miocárdio2 (IM) antes dos 50 anos de idade e determinar sua associação com desfechos em longo prazo, foi realizado um trabalho publicado pelo periódico Journal of the American College of Cardiology.

Saiba mais sobre "Dependência da cocaína", "Uso de maconha e seus efeitos" e "Infarto do miocárdio2".

O estudo analisou retrospectivamente os registros de pacientes com idade ≤50 anos, com um IM tipo 1, de dois hospitais acadêmicos entre 2000 e 2016. O abuso de substâncias foi determinado pela revisão de registros de abuso de substâncias relatadas pelo paciente, durante a semana anterior ao IM, ou detecção de substâncias por dosagem toxicológica. O estado vital foi identificado pelo Social Security Administration’s Death Master File. A causa da morte foi avaliada usando registros eletrônicos de saúde3 e atestados de óbito4. Modelos de Cox foram realizados para a sobrevivência5 livre de todas as causas e de morte cardiovascular.

Um total de 2.097 pacientes tiveram IM do tipo 1 (média de idade de 44,0 ± 5,1 anos; 19,3% mulheres, 73% brancas), com seguimento mediano de 11,2 anos. Uso de cocaína e/ou maconha esteve presente em 224 (10,7%) dos pacientes; cocaína em 99 (4,7%) pacientes e maconha em 125 (6,0%). Indivíduos com uso de substância tiveram taxas significantemente mais baixas de diabetes6 (14,7% vs 20,4%; p=0,05) e hiperlipidemia7 (45,7% vs 60,8%; p<0,001), mas foram significativamente mais propensos a usar tabaco (70,3% vs 49,1%, p<0,001).

O uso de cocaína e/ou maconha foi associado à mortalidade8 cardiovascular significativamente maior (hazard ratio: 2,22; intervalo de confiança de 95%: 1,27-3,70; p=0,005) e mortalidade8 por todas as causas (razão de risco: 1,99; intervalo de confiança de 95%: 1,35 a 2,97; p=0,001) após o ajuste para covariáveis da linha de base.

Concluiu-se que o uso de cocaína e/ou maconha está presente em 10% dos pacientes com um infarto do miocárdio2 em idade menor ou igual a 50 anos e está associado à pior mortalidade8 por todas as causas e por causas cardiovasculares. Esses achados reforçam as recomendações atuais para o rastreamento do uso de substâncias, como maconha e cocaína, entre jovens adultos com infarto do miocárdio2 e destacam a necessidade de aconselhamento para prevenir eventos adversos futuros.

Leia sobre "Colesterol9 do organismo", "Diabetes6", "Parar de fumar" e "Síndrome10 de abstinência".

 

Fonte: Journal of the American College of Cardiology, volume 71, número 22, de 5 de junho de 2018

 

NEWS.MED.BR, 2018. Uso de cocaína e maconha entre jovens adultos com infarto do miocárdio pode estar relacionado à mortalidade. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1320043/uso-de-cocaina-e-maconha-entre-jovens-adultos-com-infarto-do-miocardio-pode-estar-relacionado-a-mortalidade.htm>. Acesso em: 17 abr. 2024.

Complementos

1 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
2 Infarto do miocárdio: Interrupção do suprimento sangüíneo para o coração por estreitamento dos vasos ou bloqueio do fluxo. Também conhecido por ataque cardíaco.
3 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
4 Óbito: Morte de pessoa; passamento, falecimento.
5 Sobrevivência: 1. Ato ou efeito de sobreviver, de continuar a viver ou a existir. 2. Característica, condição ou virtude daquele ou daquilo que subsiste a um outro. Condição ou qualidade de quem ainda vive após a morte de outra pessoa. 3. Sequência ininterrupta de algo; o que subsiste de (alguma coisa remota no tempo); continuidade, persistência, duração.
6 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
7 Hiperlipidemia: Condição em que os níveis de gorduras e colesterol estão mais altos que o normal.
8 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
9 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
10 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
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