Nódulo tireoidiano em pacientes com 70 anos ou mais: benefícios e riscos de tratamento cirúrgico devem ser avaliados
Em pacientes idosos, os nódulos tireoidianos1 são frequentemente detectados e encaminhados para avaliação, embora geralmente se mostrem como doença benigna ou como câncer2 de baixo risco. Portanto, o manejo deve ser guiado não apenas pelo risco de malignidade, mas também pelos riscos relativos de qualquer intervenção. Infelizmente, poucos desses dados estão disponíveis para pacientes3 com idade ≥70 anos.
Neste trabalho, realizado por colaboradores de diferentes departamentos do The Brigham and Women's Hospital e da Harvard Medical School, em Boston, Massachusetts, foram analisados todos os pacientes com idade ≥70 anos, avaliados por ultrassonografia4 (US) e punção aspirativa por agulha fina (PAAF), entre 1995 e 2015. Dados clínicos, ultrassonográficos e histológicos5, incluindo comorbidades6 do paciente e desfechos foram obtidos. Os resultados de imagem e citologia da avaliação inicial foram revisados para detectar câncer2 de tireoide7 de risco significativo (SRTC), que foi definido como carcinoma8 anaplásico9, medular ou pouco diferenciado, ou a presença de metástases10 à distância. As análises globais de sobrevivência11 foram realizadas para auxiliar na avaliação do risco-benefício.
Saiba mais sobre "Nódulos tireoidianos1", "Câncer2 da tireoide7" e "Biópsia12 da tireoide7".
Foram avaliados 1.129 pacientes com idade ≥70 anos, com 2.527 nódulos ≥1 cm. A PAAF foi segura em todos e a citologia mostrou-se benigna em 67,3% dos pacientes. No entanto, a PAAF levou à cirurgia 208 pacientes, dos quais 93 (44,7%) tinham histopatologia13 benigna. Entre todos os pacientes que foram submetidos à PAAF, apenas 17 (1,5%) foram identificados como SRTC, todos identificáveis por imagem e/ou citologia no pré-operatório.
Estes SRTC foram responsáveis por todas as mortes por câncer2 de tireoide7 (n=10; 0,9%). Entre todos os outros pacientes (n=1.112), 160 óbitos (14,4%) foram confirmados durante um acompanhamento médio de quatro anos. Nenhum destes era relacionado ao câncer2 de tireoide7. A análise de sobrevida14 para esses 1.112 pacientes demonstrou que uma malignidade não-tireoidiana separada ou doença arterial coronariana no momento da avaliação do nódulo15 estava associada ao aumento da mortalidade16 comparada àqueles sem esses diagnósticos, confirmando que estas são variáveis importantes para identificar antes da avaliação do nódulo15 tireoidiano.
Concluiu-se que nos pacientes com idade ≥70 anos, a ultrassonografia4 e a PAAF são seguras e provam ser úteis na identificação de SRTC e citologia benigna. No entanto, o tratamento cirúrgico de pacientes com idade ≥70 anos sem apresentar resultados de alto risco deve ser moderado, especialmente quando alguma comorbidade17 for identificada.
Leia sobre "Nódulos da Tireoide18" e "Cirurgia da tireoide7".
Fonte: Thyroid, volume 28, número 4, publicação de 1º de abril de 2018