Pesquisa publicada nos Arquivos de Neuro-Psiquiatria aponta os fatores que desencadeiam a enxaqueca: jejum, álcool e chocolate são os mais freqüentes
Estudo publicado na revista Arquivos de Neuro-Psiquiatria investigou os fatores que desencadeiam a enxaqueca1. Dos 200 pacientes estudados, 83,5% apontaram algum fator relacionado à dieta – sendo o jejum o mais freqüente, seguido de álcool, chocolate, vinho tinto e café. Os problemas com o sono foram relatados por 81% dos entrevistados e 64% associaram a enxaqueca1 ao estresse, principalmente à preocupação com o trabalho.
A pesquisa foi realizada por estudantes de medicina da Liga da Cefaléia2 da Escola de Medicina do ABC e coordenada por Mário Fernando Prieto Peres, professor do Departamento de Neurologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisador sênior3 do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, em São Paulo. Participaram 200 indivíduos, sendo 162 mulheres e 38 homens, com média de idade de 37,7 anos. Os entrevistados foram questionados sobre a presença ou ausência de possíveis fatores para as crises de enxaqueca1.
O estudo aponta que a enxaqueca1 afeta três vezes mais as mulheres do que os homens, em decorrência de fatores hormonais. Ocorre principalmente durante a fase reprodutiva, entre 20 e 50 anos, tendo importante impacto socioeconômico e sobre a qualidade de vida dos pacientes. Os resultados mostram que cerca de 53% das mulheres apresentaram fatores hormonais como principais desencadeadores da enxaqueca1, sendo o período pré-menstrual o mais freqüente.
A enxaqueca1 foi diagnosticada segundo os critérios da Classificação Internacional dos Distúrbios de Dores de Cabeça4. Todos os participantes apresentaram pelo menos um fator desencadeante para as crises e cerca de 95% relataram mais de um fator.
Merecem destaque os fatores ambientais, como alergia5, poluição, claridade solar, mudanças no tempo, cigarro, ar condicionado, odores de perfumes, produtos de limpeza e gasolina. Cerca de 68,5% dos entrevistados afirmaram sentir os sintomas6 da enxaqueca1 após exposição a esses fatores, sendo os odores (36,5%) os mais recorrentes.
É fundamental que médicos e pacientes reconheçam esses fatores para prevenir as crises de enxaqueca1. O tratamento psicológico, a orientação alimentar e a atenção aos hábitos de sono podem ser importantes para o tratamento, afirma o pesquisador Mário Peres.
Fontes: SciELO e Agência FAPESP